SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.12 número3Impactos da Volvo Ocean Race - Itajaí Stopover: análise pós-evento da percepção dos residentes da cidade de Itajaí (SC) índice de autoresíndice de assuntospesquisa de artigos
Home Pagelista alfabética de periódicos  

Serviços Personalizados

Journal

Artigo

Indicadores

Links relacionados

  • Não possue artigos similaresSimilares em SciELO

Compartilhar


Revista Brasileira de Pesquisa em Turismo

versão On-line ISSN 1982-6125

Rev. Bras. Pesq. Tur. vol.12 no.3 São Paulo Set./Dez. 2018

http://dx.doi.org/10.7784/rbtur.v12i3.1442 

Artigo

Componentes curriculares de cursos de graduação em turismo: uma leitura sintático-semântica na relação dialógica entre áreas de conhecimento

Marcela Ferreira Marinho 1  
http://orcid.org/0000-0002-8694-4250

Marcia Maria Cappellano dos Santos 2  
http://orcid.org/0000-0002-1720-4523

Luciane Todeschini Ferreira 3  
http://orcid.org/0000-0003-2190-2305

1Universidade de Caxias do Sul (UCS), Caxias do Sul, RS, Brasil.

2Universidade de Caxias do Sul (UCS), Caxias do Sul, RS, Brasil.

3Universidade de Caxias do Sul (UCS), Caxias do Sul, RS, Brasil.

Resumo

Entre as designações de componentes (disciplinas) de estruturas curriculares de cursos de graduação em Turismo, encontram-se aquelas em que o Turismo e outras áreas de conhecimento constituem uma construção sintática, cujos termos vêm ligados por elementos como: “do”, “no”, “em”, “e” e “aplicado ao”. Assim, objetiva-se, com base em análise sintático-semântica dessas designações, depreender indiciadores de configurações de diálogo interdisciplinar estabelecido entre elas, uma vez que a essas configurações tendem a corresponder práticas pedagógicas. Considerando como supostos: 1) que o documento Projeto Pedagógico de Curso (PPC) e, nele, a estrutura curricular, se constitui em materialização da dimensão intangível do currículo e que, portanto, as designações das disciplinas deveriam estar aneladas ao intricado de pressupostos norteadores subjacentes ao PPC; 2) que a linguagem, não sendo neutra, traz marcas de vozes dos sujeitos enunciador e enunciatário, de sorte que tais designações implicam sentidos para além do mero registro formal; numa pesquisa de natureza exploratória, analisaram-se, após procedimentos metodológicos de recorte, 74 estruturas curriculares e, nelas, 139 disciplinas, sendo que, percentualmente, apresentaram diferentes números de incidências das referidas construções, com predomínio de “X aplicado ao Turismo”. Nessa formulação sintática emerge uma transitividade de mão única, conferindo ao Turismo a conotação de objeto de aplicação da área X, não conotando simetria relacional no diálogo entre elas. Os resultados trazem à reflexão a pertinência das designações, tanto no que se refere à natureza do Turismo, quanto ao que as Diretrizes Curriculares Nacionais dos cursos de Turismo preconizam sobre interdisciplinaridade. A própria opção pela leitura sintático-semântica como ferramenta de análise originária de competências da Linguística do Texto e de linguísticas enunciativas propiciou estender o campo de interpretações dos resultados, concorrendo para estabelecer, interdisciplinarmente, outras/novas conexões conceituais.

Palavras-chave: Turismo e Áreas de Conhecimento; Cursos de Graduação; Componentes Curriculares; Leitura Sintático-semântica; Relação Dialógica entre as Áreas.

1 INTRODUÇÃO

A proposição e desenvolvimento de um projeto de pesquisa refletem a relação indissociável entre sujeito e objeto e promovem transformações em ambos. A história do pesquisador com suas vivências singulares em experiências pessoais, sociais, profissionais, educacionais as mais diversas, na Academia e fora dela, imprimem marcas no processo de investigação, dando-lhe um “rosto”, sem com isso comprometer processos e procedimentos requeridos para assegurar a cientificidade do/no processo. O acesso a novas teorias e a dados novos que surgem, situações não previstas em campo, entrevistas negadas ou, ao contrário, narrativas que excedem as expectativas, são exemplos de desvios não esperados/controlados do percurso planificado, gerando, porém, sempre novas aprendizagens e exigindo decisões.

O presente trabalho se inscreve nessa perspectiva. Introdutoriamente, relatam-se algumas razões que conduziram ao exercício de leitura anunciado pelo título, para então abordar analiticamente, do ponto de vista curricular e da linguagem, aspectos implicados na nomeação de componentes curriculares, muitos dos quais tendem a passar despercebidos. Assim, remete-se a algumas contingências afetas à experiência profissional de uma das pesquisadoras, as quais reportaram à importância de, cientificamente, constituir em objeto de pesquisa aspectos de base epistemológico-pedagógica envolvendo o complexo universo conceitual do turismo e o da interdisciplinaridade, na direção de favorecer o repensar da prática pedagógica de docentes de outras áreas que atuam em cursos de graduação em Turismo.

A primeira dessas contingências se deu na qualidade de docente de curso de graduação em Turismo e de membro do Núcleo Docente Estruturante (NDE), oportunidade em que lhe foi dada e a algumas colegas, a tarefa de elaborar, para posterior implementação, projetos interdisciplinares, em função do que deveriam ser realizados encontros com professores do curso, no sentido de dar-lhes a conhecer as propostas e possibilitar um espaço de discussão sobre concepções teóricas e práticas pedagógicas que poderiam dali advir.

Entre elementos pontuais depreendidos nesses contatos, estão a dicotomia que se estabelecia entre disciplinas/atividades teóricas e práticas, bem como a dificuldade de nelas identificar modelos pedagógicos e vinculá-los a pressupostos epistemológicos. Independentemente do entendimento da sempre provisoriedade do conhecimento produzido, chamou a atenção, de modo especial por tratar-se de discussões sobre projetos interdisciplinares, uma contraposição difusa entre disciplinaridade e interdisciplinaridade, esta, não raras vezes circunscrita à ideia de justaposição de áreas presentes na “grade” curricular.

Para além dessas constatações de não alinhamento teórico, emergiu, nos encontros, insuficiente percepção, por parte de professores atuantes no curso com formação em diferentes áreas de conhecimento, de que a interdisciplinaridade - como o prefixo “inter” denota -, requer diálogo entre as áreas em relação, ou entre os campos teóricos envolvidos. Dito de outra forma, no presente caso, requereria, numa perspectiva dialógica, incursões conceituais na área do Turismo, e, por decorrência, o repensar de práticas pedagógicas usuais, nas quais, via de regra, o turismo, como atividade ou conceito, tende a tornar-se, numa via de mão única, apenas objeto de análise pelas lentes teóricas dessas áreas.

O trabalho na perspectiva de trazer à reflexão esses aspectos com os respectivos desdobramentos pedagógicos apresentou dificuldades, e, em alguns momentos, a consecução dos objetivos pareceu ser inviável.

Entretanto, se essa vivência, por um lado, foi catalisadora de inquietações, ela não poderia, per se, estar na base de qualquer pretensão de generalizações. Por outro lado, elas sinalizavam para a dimensão epistemológico-pedagógica da interdisciplinaridade referida, direta e indiretamente, nas próprias Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) para os cursos de graduação em Turismo.

No texto legal, tem-se explicitamente, no inciso IV do parágrafo 1°, artigo 2º, que, entre os elementos estruturais dos projetos pedagógicos dos cursos de graduação em Turismo, deverão constar formas de realização da interdisciplinaridade. O processo de desenvolvimento do perfil de egresso ali traçado (art. 3°) pressupõe a apropriação, pelo curso, da abordagem interdisciplinar, o que também se identifica no conjunto das 19 competências e habilidades elencadas no art. 4°. A presumida observação das características do perfil e das competências e habilidades reflete-se na própria concepção do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade).

Face a isso, o percurso reflexivo levou a perguntar: Como em outros cursos essa dimensão estaria sendo contemplada? Que elementos, no âmbito da graduação, seriam indiciais de relações dialógicas de outras áreas com a área do Turismo, as quais via de regra compõem a estrutura curricular nesses cursos? Desenhava-se assim o primeiro esboço de problematização científica, para cuja resposta se apresentou como um caminho metodológico inicial a ser trilhado, ampliar o quadro de informações, buscando-as em outros cursos, o que, num primeiro momento, foi realizado mediante levantamento, via internet, de projetos pedagógicos dos cursos de graduação em Turismo à época em andamento no país. Embora houvesse clareza de possíveis defasagens entre proposições constitutivas de projetos e a forma como são operacionalizadas na cotidianidade (currículo escrito e vivido), entendeu-se ser pertinente identificar como a interdisciplinaridade vinha sendo documentalmente contemplada nos projetos pedagógicos, quer conceitualmente, quer em proposições de práticas pedagógicas, metodológicas, ou até mesmo, avaliativas. A partir dos dados que viriam a ser obtidos, seriam definidos os rumos pelos quais a investigação iria trilhar.

Antes, porém, de apresentar os dados obtidos, mostra-se pertinente uma ressalva de ordem conceitual relativa à interdisciplinaridade. Seria extrapolar o escopo destas reflexões aprofundar o conceito de interdisciplinaridade reportando a múltiplas definições que lhe são conferidas pelos estudiosos e, em decorrência, a múltiplas perspectivas de correspondentes repercussões na prática pedagógica. Operacionalmente, tendo em conta os referenciais empíricos e reflexivos que deram origem aos primeiros questionamentos, bem como as primeiras incursões documentais para levantamento de dados, restringiu-se sua abordagem à perspectiva de identificação de possíveis indiciadores de processos de “dialogização científica” “inter” campos conceituais específicos (do Turismo e de outras áreas de conhecimento chamadas a integrar estruturas curriculares nos âmbitos governamental e institucional relativas a cursos de graduação em Turismo), buscando identificar, via leitura sintático-semântica4 da denominação das disciplinas, possíveis simetrias e/ou assimetrias relacionais entre essas áreas. Lembre-se de que a palavra “diálogo”, etimologicamente, é composta pelo prefixo grego “dia”, que significa “através” e por “logos”, que, originalmente, no grego, significava “palavra”. Falar, pois, em diálogo remete à ideia de circulação da palavra, de sentidos, e, no presente caso, entre as áreas.

Para uma possível definição operacional de referência, faz-se uma aproximação teórica a partir de Charaudeau (2010), para quem a interdisciplinaridade

. . . consiste em estabelecer verdadeiras conexões entre conceitos, ferramentas de análise e modos de interpretação de diferentes disciplinas. Não basta agrupar disciplinas em torno de um mesmo objeto de análise; é preciso confrontar diversas competências disciplinares a fim de tornar mais pertinentes esses conceitos e ferramentas de análise, ou estender o campo de interpretações a partir de resultados, eles próprios, provenientes de protocolos de análise comuns [Tradução nossa]. (p. 197)

É oportuno aqui assinalar que, coerentemente com o objetivo e objeto iniciais propostos para o estudo, a própria opção pela leitura sintático-semântica como ferramenta de análise originária de competências da Linguística do Texto e de linguísticas enunciativas propiciou estender o campo de interpretações dos resultados, concorrendo para estabelecer, interdisciplinarmente, outras/novas conexões conceituais.

A pesquisa documental realizada em outubro de 2015, no site do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), não logrou surtir o efeito esperado, uma vez que o número de projetos pedagógicos disponíveis, na íntegra, era reduzido. Do total de 340 cursos em funcionamento (desconsiderando ofertas do mesmo curso em outras localidades), apenas 6 projetos estavam disponíveis online (1,7%). De outra parte, teve-se acesso a 74 estruturas curriculares (aqui, inversamente, considerando que uma mesma estrutura de curso era mantida em diferentes ofertas). As informações limitavam-se praticamente ao rol de disciplinas que as integravam, distribuição em semestres, números de créditos. Foram mínimas as ocorrências de acesso a ementas e respectivos planos de ensino.

Buscar um outro caminho mostrou-se assim necessário. E este foi perspectivado tomando como um novo objeto factual desencadeador de novas reflexões a própria designação das disciplinas presentes nas estruturas curriculares, nas quais a área do Turismo e outras áreas eram postas sob alguma forma em relação.

Essa decisão pautou-se por dois supostos básicos. O primeiro - que será desdobrado no próximo item - diz respeito à concepção de currículo e à relação intrínseca entre as dimensões intangível e documental, aquela, no presente caso, materializada no documento Projeto Pedagógico (PPC), do qual a estrutura curricular e os componentes curriculares são elementos constitutivos. Por tratar-se de documento elaborado no âmbito da Educação superior, apostou-se no cuidado com que deveriam ter sido feitas as designações das disciplinas, de modo a que estivessem coerentemente aneladas ao intricado de pressupostos subjacentes norteadores do PPC, entre eles, aqui, particularmente, os epistemológicos e pedagógicos e, por decorrência, encerrando indiciadores de concepções de interdisciplinaridade.

O segundo suposto foi o de que a linguagem não é neutra; ela contém em si marcas discursivas afetas aos diferentes contextos de enunciação, nos quais se instituem os sujeitos enunciador (aquele que enuncia) e enunciatário (a quem se dirige na enunciação) e os vínculos com o objeto enunciado. A considerar o papel norteador do PPC e o entendimento de que estruturas e funções gramaticais/linguísticas assumem matizes significativos quando reportados ao âmbito do discurso, a descrição e análise sintático-semântica das denominações dos componentes curriculares que colocavam em relação o Turismo e outras áreas de conhecimento poderiam vir a indiciar possíveis configurações de diálogo entre elas.

Um processo de revisão de literatura foi então desencadeado a partir dos termos de busca “Estrutura curricular” e “análise sintático-semântica”, em português para consultas nacionais, e “Curriculum Structure”, “Curriculum Grid” e “Syntactic-Semantic analysis” associados ao termo “Tourism”, em base internacional. As fontes bibliográficas foram as seguintes: periódicos vinculados aos programas de pós-graduação em Turismo no Brasil, anais dos eventos Seminário de Pesquisa em Turismo do Mercosul (Semintur) e Seminário da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Turismo; e a base internacional Scopus.

Nada se encontrou que tivesse como critério analítico os aspectos sintático-semânticos das denominações.

2 DENOMINAÇÃO DE COMPONENTES CURRICULARES: DO CONCEITO DE CURRÍCULO À RELAÇÃO ENTRE AS DIMENSÕES INTANGÍVEL E DOCUMENTAL

Matriz, estrutura, grade, componente são termos que, no âmbito da educação formal, vêm regularmente qualificados pelo adjetivo “curricular”, constituindo binômios cuja frequência é tal, que tendem a ser empregados tacitamente, sem que a atenção se volte para referentes conceituais que possam aí estar presentes, quer relativamente a cada um dos termos ou a relações de sentido entre eles. De toda forma, o que é comum a esses binômios é o elemento qualificativo que deriva de “currículo”.

Na sua origem etimológica, está o termo latino curriculum, -i, na acepção de corrida, carreira, lugar em que se corre (Faria, 1962), de ato de correr, corrida, curso, e também pequeno atalho, desvio de caminho (Dicionário Aulete Digital, s.d.), A perspectiva etimológica já anuncia a dimensão processual do currículo, de movimento na direção de um horizonte-alvo, que carrega, ao longo do percurso, traços do “lugar em que se corre”, no qual se demarcam múltiplos e contínuos pontos de partida. Pensar, pois, em currículo, nos diferentes níveis de ensino, requer reportar-se a um mapeamento de percursos que se entrecruzam e se permeiam interna e externamente às instituições.

Mesmo não sendo objeto destas reflexões o aprofundamento teórico sobre currículo, retomam-se algumas proposições de estudiosos acerca da temática, as quais já sinalizam a pluridimensionalidade inscrita nesse conceito e sua repercussão no emprego do adjetivo “curricular”.

Na introdução do tópico “A questão do currículo”, que integra as temáticas educativas do Observatoire Éducation et Territoires (n.d.), assim como em diferentes fontes bibliográficas, encontra-se a referência de que, particularmente nos anos 1960, a noção de currículo se constituiu em objeto de estudo no âmbito das ciências da Educação e da Sociologia, podendo-se sinteticamente aí identificar dois grandes vieses analíticos: o primeiro, sendo o didático, “. . . em que a forma e o conteúdo são resultantes de características próprias das disciplinas ensinadas, das modalidades de transposição didática (Chevallard, 1985) e de concepções pedagógicas”; o segundo, o sociológico, “. . . em que o currículo aparece como construto social traduzindo posturas ideológicas e relações de poder”. Esse viés sociológico remeteria, sob a ótica de M. Young mencionado no texto, a voltar a atenção aos modos de seleção, de organização e de legitimação dos saberes incorporados nos currículos escolares.

Segundo Sacristán (1999) o currículo é, ao mesmo tempo, a ligação que se estabelece não somente entre a cultura e a sociedade exterior à escola e à educação, mas também entre conhecimento e cultura herdados e a aprendizagem dos alunos; é a ligação entre teoria (ideias, suposições e aspirações) e prática possível, sempre que observadas determinadas condições. Consoante Braslavsky (2011, p. 4), “. . . ao currículo concerne a ligação entre as finalidades da educação e a vida cotidiana nas instituições de aprendizagem, notadamente, escolas, colégios, liceus, universidades” [Tradução nossa].

Confluindo para essa mesma direção, o documento 8, entre aqueles selecionados por Pierre-Yves Roux (2011), “para precisar a noção de currículo” (p. 21), traz a seguinte consideração:

O currículo é antes de tudo instrumento de uma política educativa, no cruzamento de intenções pedagógicas em termos da visão de homem que aí se expressa e de intenções didáticas, tratando-se da racionalização de um projeto global de ensino. O currículo está, por consequência, sujeito a escolhas educativas primárias afetas aos valores e às finalidades do sistema educativo de uma sociedade, à visão que esta tem de si mesma e do homem em devir [Tradução nossa]. (Roux, 2011, p. 21)

A concepção de currículo desborda assim a dimensão formal e seus correlatos burocratizados apoiados em documentos legais, políticas e projetos institucionais (currículo escrito), ingressando no terreno do currículo vivido, “real”, ou mesmo “oculto”, da cotidianidade da prática pedagógica.

Também Moreira (1997) ressalta a existência de dois sentidos usuais da palavra “currículo”: (a) conhecimento tratado pedagógica e didaticamente pela escola a ser aprendido e aplicado pelo aluno, ou (b) conjunto de experiências a serem vividas pelo aluno, no âmbito da escola e sob a orientação desta. Em outras palavras: apresentação de conhecimentos e conjuntos de experiências de aprendizagem no sentido de favorecer a assimilação e reconstrução desses conhecimentos estão presentes na concepção de currículo, variando apenas a respectiva ênfase. No primeiro caso, com a ênfase recaindo sobre conteúdos ou sobre o documento escrito, configura-se o que se convencionou chamar de currículo formal; no segundo caso, recaindo sobre o processo ou a prática escolar efetiva, tem-se o denominado currículo real ou em ação.

Outro conceito que Moreira (1997) empresta de Apple (1982), é o de “currículo oculto”, isto é, “. . . normas e valores que são implícita porém efetivamente transmitidos pelas escolas e que habitualmente não são mencionados na apresentação feita pelos professores, dos fins ou objetivos” (p. 14). Na concepção de currículo há que se divisar, pois, “. . . planos e propostas (o currículo formal), o que de fato acontece nas escolas e nas salas de aula (o currículo em ação), bem como as regras e as normas não explicitadas que governam as relações que se estabelecem nas salas de aula (o currículo oculto)” (Moreira, 1997, p. 15) - este, mencionado por Tribe (2008, p. 78) ao trazer à discussão o conceito de currículo. O que aí está em foco “não atinge apenas as intenções e os objetivos explícitos do currículo, mas também os valores implícitos que o acompanham. Os exponentes do currículo oculto assinalam a importância do que é omitido por ele, assim como do que é inserido” (Tribe, 2008, p. 78).

Por serem coexistentes e presentes no âmbito educacional, a forma como currículo oculto e formal se relacionam e se implementam, suas assimetrias e simetrias, merecem permanente vigilância crítica por parte dos atores envolvidos, consideradas suas repercussões político-sociais, culturais, administrativas e pedagógicas, bem como tensões que possam daí advir.

Refletindo sobre a teoria do currículo, o que é e por que é importante, Young (2014) considera que duas são questões fundamentais a serem consideradas por essa teoria: a educação como prática e como atividade especializada. Como prática, a educação “. . . trata de fazer coisas com e para os outros” (p. 196), ou seja, volta-se à capacitação de pessoas para “. . . adquirirem conhecimento que as leve para além da experiência pessoal, e que elas provavelmente não poderiam adquirir se não fossem à escola ou à universidade” (p. 196). Por outro lado, mesmo permanecendo uma atividade prática, reflete o autor, “. . . a educação se tornou cada vez mais especializada. Os currículos são a forma desse conhecimento educacional especializado e costumam definir o tipo de educação recebida pelas pessoas” (p. 197). Assim, para Young (2014) é do entendimento dos currículos como formas de conhecimento especializado que se pode desenvolver currículos melhores e ampliar oportunidades de aprendizado. Como corolário direto está o questionamento sobre o conhecimento que deveria compor o currículo, “. . . não no sentido absoluto de conhecimento verdadeiro, o que seria melhor definido como crença, mas no sentido de “o melhor conhecimento que temos em qualquer campo” (Young, 2014, p. 187).

Ainda, segundo o autor, o conhecimento especializado o é por duas maneiras:

  1. Em relação às fontes disciplinares: conhecimento produzido por especialistas nas áreas de conhecimento;

  2. Em relação a diferentes grupos de aprendizes: todo currículo é elaborado para grupos específicos de aprendizes e tem de levar em consideração o conhecimento anterior de que estes dispõem. Os elaboradores de currículo em qualquer nível envolvem-se no processo que Bernstein chamou de recontextualização, uma palavra relativamente simples para um processo extremamente complexo. O termo refere-se ao modo como os elementos do conhecimento disciplinar são incorporados ao currículo para aprendizes de diferentes idades e conhecimentos anteriores.

Os que elaboram o currículo devem pensar sobre o respectivo propósito: “. . . o que ele está tentando fazer ou como está tentando ajudar os professores” (Young, 2014, p. 200). No entendimento de Young (2014), o propósito está em promover a “ascensão epistêmica” (p. 200).

O currículo encerra assim um percurso feito, em sendo feito, na perspectiva do devir, o que reporta à origem etimológica do termo. Nos dizeres de Braslavsky (2011), o currículo é um processo, cujo desenvolvimento dá forma à sua dimensão intangível. Acresce ainda: “Entende-se por processo de desenvolvimento do currículo o tecido das decisões tomadas em torno de experiências de aprendizagem por atores muito diferentes e em níveis muito diferentes” [Tradução nossa] (Braslavsky, 2011, p. 5). A pesquisadora refere-se, respectivamente, a políticos, técnicos, professores; aos níveis nacional, provincial, departamental, da escola e, cada vez mais, ao nível internacional.

Por outro lado, se o currículo, sob essa perspectiva, é um processo intangível, ele tem uma expressão material, encontrando-se sob a forma de documentos diversos, que concorrem (em graus igualmente diversos, conforme o uso que deles se faz) para a produção de sentido e orientação dos processos de aprendizagem e de ensino nas instituições educacionais (Braslavsky, 2011). Aí estão compreendidos desde documentos legais oficiais, documentos institucionais e de cursos, assim como documentos elaborados para o âmbito da sala de aula (ou para os tantos outros espaços alcançados pelos recursos digitais).

Em função do objeto central do presente estudo, dá-se destaque ao documento Projeto Pedagógico de Curso (PPC), que tem no currículo sua centralidade e em cuja formulação, por via de consequência, são explicitadas as dimensões legal, ético-política, educacional, sociocultural, epistemológica, técnico-científica, metodológica, didático-pedagógica que serão consideradas referentes para a proposição e desenvolvimento das atividades de ensino-aprendizagem; são retomados elementos contextuais referenciais institucionais; são definidos objetivos, o perfil de egresso que se espera ajudar a desenvolver. São também propostos conhecimentos “especializados” básicos e complementares e perspectivados, ainda, processos avaliativos tendo por objeto as aprendizagens dos alunos, a prática docente e o próprio PPC.

A dimensão organizacional ganha forma no desenho e materialização da estrutura curricular5, com a seleção e designação dos componentes curriculares, como também no mapeamento dos fluxos previstos, desenho esse tonalizado pelas demais dimensões e, ao mesmo tempo, contributivo para assegurar unicidade ao projeto. Em assim sendo, o foco da análise, quando incidindo sobre componentes curriculares, estaria incidindo igualmente sobre outros elementos e dimensões do Projeto - o que vem respaldar o propósito de levantamento, descrição e análise de componentes curriculares identificados no universo de cursos de graduação em Turismo acessados, para dali depreender indiciadores de concepções de interdisciplinaridade que lhes estariam subjacentes.

3 DENOMINAÇÃO DE COMPONENTES CURRICULARES E A MATERIALIZAÇÃO LINGUÍSTICO-TEXTUAL DESSE PROCESSO: EMERGÊNCIA DE MULTIPLICIDADE DE SENTIDOS

Somos seres de linguagem. Imersos nela, dizemo-nos e dizemos do mundo que nos cerca. E como dizemos o que queremos ou podemos dizer? Através de textos, pois, como afirmam Bakhtin e Volochinov (1986) “a verdadeira substância da língua não é constituída por um sistema abstrato de formas linguísticas, nem pela enunciação monológica isolada ... mas pelo fenômeno da interação verbal. . .” (p. 123). Ou seja, o texto é o lugar da interação de sujeitos sociais que, por meio de ações linguísticas, cognitivas e sociais, constroem sentidos.

Na concepção de texto, evidencia-se a natureza interativa da linguagem, pois o texto é uma unidade de sentido em uso. Falamos para alguém, em função de algum objetivo e, para tal, fazemos opções de natureza linguístico-social.

Se nos comunicamos e interagimos por textos, as estruturas curriculares, (referidas também como matrizes ou grades curriculares) são igualmente textos que circulam em uma esfera da atividade humana, a acadêmica. Aqui, uma observação faz-se pertinente: a de que estruturas curriculares são fruto de uma construção social, historicamente circunscrita: elas, estruturas, nascem de uma forma de se pensar a apresentar componentes curriculares em uma instância de ensino, no caso, a superior. Portanto configuram-se como tipo relativamente estável de enunciado, um gênero textual, que apresenta unidade composicional, estilo e conteúdo temático (Bakhtin, 2011).

Em relação à unidade composicional, reconhece-se uma estrutura curricular pela sua forma: visualmente o leitor desse gênero depara-se, tradicionalmente, com um quadro em linhas verticais e horizontais, em cujas lacunas disponibilizam-se informações sobre semestre, denominações de disciplinas, créditos (ou número de horas), pré-requisitos, entre outros critérios que possam ser adotados pela instituição (informações essas que correspondem ao conteúdo temático). Visualmente, a forma ainda predominante da estrutura curricular de diferentes instituições é de uma “grade”, tanto que foi (ou é) assim que as estruturas curriculares popularmente ficaram conhecidas. Alinhadas a concepções outras pedagógicas, encontram-se também estruturas com desenhos diversos, como em módulos, unidades de ensino, representando uma forma de pensar o curso - todas elas, formas marcadas ideologicamente.

Por fim, no tripé da constituição do gênero, tem-se o estilo, que diz respeito às escolhas linguísticas que fazemos para dizer aquilo que queremos (vontade enunciativa) dizer, ou que podemos dizer. Essas escolhas são lexicais (vocabulário), sintáticas e também semânticas.

Bakhtin (1986), em diferentes momentos, reitera o caráter dialógico e dinâmico da linguagem. Ao marcar seu caráter social, não desconsidera seus demais elementos constitutivos (morfologia6, fonética7, sintaxe e semântica). Pelo contrário, para ele, problemas de sintaxe são de grande importância para a compreensão da língua, por serem as formas sintáticas as que mais se aproximam das condições reais de fala.

Tais postulações servem de alicerce para diferentes estudos linguísticos, em especiais àqueles promovidos pelo campo da Linguística Aplicada e pelas teorias enunciativas (linhas seguidas, neste artigo, para posterior análise designativa das disciplinas dispostas em planos curriculares).

Antunes (2005), pesquisadora que promove estudos sobre textos alicerçada nos pressupostos bakhtinianos, afirma que as escolhas que ocorrem na superfície textual “sinalizam as ligações conceituais que estão subjacentes a essa superfície; . . . se há ligações na superfície é porque elas existem no âmbito do sentido e das interações pretendidas” (p. 48).

As designações das disciplinas pressupõem essas escolhas, o que permite levantar hipóteses, a partir das construções sintáticas identificadas, de como estaria sendo concebido ou dado forma ao diálogo científico entre as áreas. Claro está que são hipóteses construídas com base no documento escrito, sem que haja obrigatória correspondência com o currículo/projeto em ação/real/vivido - o que foge ao âmbito do estágio atual de desenvolvimento da pesquisa.

4 O EXERCÍCIO DE LEITURA SINTÁTICO-SEMÂNTICA

Uma vez teoricamente balizada, a continuidade dos procedimentos metodológicos exploratórios no âmbito da pesquisa documental, levou à identificação, a partir das 74 estruturas curriculares encontradas online, de um conjunto de 139 disciplinas. A organização desses dados se fez por região geográfica brasileira. Examinaram-se as denominações das disciplinas, depreenderam-se suas estruturas formais prevalentes expressas nos cinco tipos de construções sintáticas apresentadas na sequência. A partir de então, a análise se desenvolveu com base na identificação de incidências e o que isso representou para a consecução do objetivo.

125 incidências: X do Turismo;

65 incidências: X no Turismo;

166 incidências: X em Turismo;

174 incidências: X e Turismo;

221 incidências: X aplicado ao Turismo;

totalizando 751 incidências entre essas

construções sintáticas.

Cumpre observar que se identificou ainda a construção sintática X para o Turismo, com um total de apenas 17 incidências, as quais, considerando o conjunto anterior, não se mostraram expressivas.

Um outro conjunto, que se nomeou de Outras Combinações, compreendeu disciplinas que não se enquadravam no critério anterior, dentre as quais se encontraram designações como: Turismo integrado, Turismo regional, Turismo urbano, Turismo criativo, Turismo sustentável, ou ainda, designações em que se emprega o adjetivo “turístico(a)” a termos tais que: Animação, Serviços, Transportes, Legislação, Marketing, Administração, Patrimônio. Igualmente compunham o conjunto disciplinas como Ecoturismo e Enoturismo. Independentemente de poderem remeter a reflexões de diferentes ordens, como as de natureza categorial (Modalidades, tipos e formas de turismo), a formulação das respectivas nomenclaturas não autoriza relacioná-las com precisão às construções sintáticas de maior incidência marcadas relacionalmente pelas preposições referidas.

Feita essa ressalva e retomando as estruturas básicas formais identificadas a partir das 139 disciplinas, diferentes leituras sintáticas e semânticas podem ser feitas, tendo em conta seus elementos constitutivos. Um exercício analítico ilustrativo poderia ser realizado pela substituição de X por Geografia, termo que assim aparece relacionado ao termo Turismo nas designações das disciplinas: 30 incidências com a contração do; três incidências com a contração no; quatro incidências com a conjunção coordenativa e; 18 incidências com a expressão de ligação aplicado a

De acordo com Cunha e Cintra (1986), por exemplo, nos dois primeiros casos, a relação entre os termos se dá por meio da contração de de + o e da contração em + o, em ambas as situações, portanto, por meio de preposições. Nessa relação, o sentido do primeiro termo (antecedente) é explicado ou completado pelo segundo (consequente). Conforme os autores,

[. . .] embora as preposições apresentem grande variedade de usos, bastante diferenciados no discurso, é possível estabelecer para cada uma delas uma significação fundamental, marcada por expressão de movimento, ou por situação resultante (ausência de movimento) e aplicável aos campos espacial [Volta da Universidade; insistência na ideia], temporal [Trabalho de sol a sol] e nocional [Carro de corrida/]. (Cunha & Cintra, 1986, p. 544)

Considerada essa significação fundamental dos elementos de relação, em X do Turismo, se poderia identificar uma significação aplicada ao campo nocional de posse: Turismo detém a “posse” de X; já em X no Turismo , se poderia identificar uma significação aplicada ao campo nocional espacial: Turismo como espaço (virtual) de X.

Sob outros caminhos de sistematização, com apoio de Neves (1999) e ainda a título ilustrativo, outras leituras relacionais similares ou complementares tornaram-se possíveis.

• Geografia aplicada ao Turismo

Sintaticamente, há uma transitividade

do primeiro (regente) para o segundo termo (regido), este, objeto da ação daquele. A transitividade estaria assim conferindo ao termo Turismo a conotação8 de objeto/exemplo/campo de aplicação da Geografia.

• Geografia do Turismo

O artigo definido “o”, na contração de + o , particulariza a área Turismo, a partir do que diferentes leituras relacionais poderiam ser depreendidas:

- Existe uma área própria da Geografia que estuda o Turismo (este estaria delimitando essa área); ou

- O Turismo pode estar funcionando como um termo classificador da Geografia (Das tantas Geografias, como a Física, a Política, a Econômica, a Humana, por exemplo, a do Turismo institui-se como mais outra: A Geografia do Turismo estuda o turismo como...); ou ainda,

- A Geografia assume a conotação de uma das dimensões do turismo, com a ideia de “todo” recaindo sobre o Turismo.

• Geografia no Turismo

O Turismo se mostra como um objeto, determinado, com suas especificidades, quer delimitando ou definindo o termo que o precede (A Geografia que é afeta ao Turismo), quer se constituindo em objeto deste.

• Geografia em Turismo

Diferentemente da construção sintática anterior, Turismo, precedido pela preposição “em”, assume um sentido genérico, não específico, instaurando-se uma “vaguidade” relacional na aproximação da Geografia ao Turismo, sem perder, no entanto, o caráter locativo.

• Geografia e Turismo

A conjunção coordenativa “e” marca uma relação de adição, o que poderia levar a pressupor uma simetria relacional entre os termos envolvidos. No entanto, como observam Cunha e Cintra (1986, p. 568), “[...] certas conjunções coordenativas podem, no discurso, assumir variados matizes significativos de acordo com a relação que estabelecem entre os membros (palavras ou orações) coordenados”. Os autores incluem entre elas a conjunção “e”, trazendo exemplos desses matizes, tais como: introdução de explicação enfática, finalidade, consequência, valor adversativo, entre outros. Nesse sentido, tendo em conta a própria posição do termo Geografia na construção sintática, a formulação da coordenação poderá estar implicitamente expressando alguma das construções mencionadas, particularmente, Geografia no Turismo ou Geografia aplicada ao Turismo.

Há ainda a observar, em cinco incidências, a adjetivação “turística” ao termo Geografia compondo a designação da disciplina. Pode-se levantar a hipótese de que o adjetivo tenha sido empregado no lugar de “do Turismo” e, neste caso, encerraria as possibilidades de sentido referidas no exame da construção sintática Geografia do Turismo. Não parece cabível conferir a “turística”, nessa designação, o mesmo sentido presente em expressões como “viagem turística”.

5 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES ANALÍTICO-INTERPRETATIVAS

Se a Geografia foi utilizada, a título ilustrativo, no intento de favorecer a identificação de possíveis deslizamentos de sentido em função das preposições ou elementos de ligação entre os componentes das construções sintáticas, cabe, neste momento, reportar-se ao conjunto de outras disciplinas, cuja designação se enquadra nessas construções sintáticas. A tabela 1 apresenta em números absolutos e, agora, com os correspondentes percentuais, a respectiva incidência.

Tabela 1 Incidência de construções sintáticas e respectivo percentual na denominação das disciplinas 

Construção sintática Incidência Percentual
X do Turismo; 125 16,6
X no Turismo; 65 8,7
X em Turismo; 166 22,2
X e Turismo; 174 23,1
X aplicado ao Turismo 221 29,4
Total 751 100

Fonte: Elaborada pelas autoras

Numa primeira leitura dos dados, chama a atenção o percentual relativo à incidência da construção sintática X aplicado ao Turismo, o mais elevado dentre as demais, na qual, em termos de transitividade, o turismo se institui como objeto de X, indiciando um direcionamento de mão única a partir de X, bem como uma assimetria relacional (o turismo olhado sob a perspectiva de X). Considerando ainda as observações anteriores sobre a construção sintática X no Turismo, uma das leituras possíveis passa a ser a de que aí também está implícita uma transitividade, conferindo ao termo “turismo” a conotação de objeto/exemplo/campo de aplicação da outra área. E mais. Embora na construção sintática X em Turismo, a preposição “em”, conforme antes referido, instaure uma certa vaguidade relacional entre o turismo e outras áreas, permanece a perspectiva da transitividade e o aspecto locativo. Assim, somando-se os respectivos percentuais, estes chegam à casa dos 60%.

Por outro lado, face ao percentual de 16,6% concernente à construção sintática X do Turismo e às leituras sintático-semânticas precedentes que dele foram feitas, emerge um outro mapeamento relacional, a partir do qual o turismo poderia estar rompendo a unidirecionalidade do olhar de X (novos caminhos “inter”disciplinas?). No que tange ao percentual de 23,1% referente à construção sintática X e Turismo, tem-se a conjunção coordenativa, com a qual fica aberta a perspectiva de mutualidade, numa relação dialógica de caráter simétrico, em que X e Turismo poderiam instituir-se tanto como sujeito, quanto como objeto. E, nesse caso, se tornaria possível subentender que a denominação da disciplina estaria expressando essa ótica. No entanto, a simetria relacional também não pode ser assegurada, face a conotações outras que a mesma conjunção pode assumir e à própria posição de X na construção sintática, conforme antes mencionado.

Outras inferências se mostram ainda possíveis ao retomar, de um lado, os pressupostos bakhtinianos já referidos no que tange às relações entre escolhas que se fazem na superfície textual no âmbito dos sentidos e das interações pretendidas e ligações conceituais subjacentes a essa superfície (Antunes, 2005); e, de outro, o pressuposto de que as construções sintáticas das designações das disciplinas estariam materializando essas escolhas, permitindo hipotetizar possíveis formas de diálogo e trânsito entre as áreas. Dos percentuais de incidências das construções sintáticas depreendem-se, aqui também, sinalizações de prevalência do entendimento do turismo como “atividade”; da mesma forma, sinalizações da condição de objeto que o turismo assume sob a ótica de outras áreas, - o que, de imediato, levaria a perguntar: Pode-se aí entrever “efetivo diálogo interdisciplinar” para o qual apontam as próprias Diretrizes curriculares nacionais?

A questão ganha em significado na medida em que são trazidos outros dados, desta feita concernentes, primeiramente, à distribuição das incidências das diferentes construções sintáticas pelas regiões em que os cursos são ofertados, conforme representado na Tabela 2.

Tabela 2 Incidência, por região, de construções sintáticas e respectivo percentual na denominação das disciplinas 

Construção sintática Região Total
SE S N NE CO
X do Turismo 19 38 07 54 07 125
X no Turismo 18 14 09 17 07 65
X em Turismo 52 35 15 41 23 166
X e Turismo 21 56 09 74 14 174
X aplicado ao Turismo 63 33 11 96 18 221
173 176 51 282 69 751

Fonte: Elaborada pelas autoras

Quando, a partir da tabela 2, se analisa, por região, a soma de incidências e respectivos percentuais das construções sintáticas X aplicado ao Turismo, X no Turismo e X em Turismo, consideradas a aproximação semântica entre elas, tem-se que três das regiões apresentam percentuais superiores aos 60% aferidos do conjunto das 751 denominações, dados esses sintetizados na tabela 3.

Tabela 3 Soma, por região, de incidências e respectivos percentuais das construções sintáticas X aplicado ao Turismo, X no Turismo e X em Turismo 

Região Incidência Percentual
SE 133 76,8
S 82 46,5
N 35 90,1
NE 154 54,6
CO 48 69,5

Fonte: Elaborada pelas autoras

Os números e percentuais vêm, também, sob esse prisma analítico, levar a que se volte a atenção para os subentendidos antes mencionados sobre a preponderância do entendimento de turismo como “atividade” e sobre a direção única de olhar de outras áreas com relação ao turismo. Situação semelhante verifica-se quando se traça um quadro das disciplinas situadas entre os 15 mais elevados percentuais de incidência e, nelas, se analisam as incidências das construções sintáticas com os termos de ligação aplicado ao, no, e em a que faz referência a tabela 4.

Tabela 4 Disciplinas com mais elevado número de incidências e respectivo percentual de construções sintáticas com os termos de ligação aplicado a o, no e em 

N° de ordem Disciplina N° total de incidências N° de incidências das construções sintáticas com os termos de ligação aplicado ao, no, em Percentual em relação ao total de incidências
1 Gestão 63 53 84,1
2 Administração 58 57 98,3
3 Geografia 55 21 38,2
4 Economia 47 22 46,8
5 Contabilidade 37 37 100
6 Sociologia 32 32 100
7 Legislação 29 21 72,4
8 Informática 27 27 100
9 Metodologia 26 25 96,2
10 Estatística 25 24 96,0
Marketing 25 14 56,0
11 Psicologia 24 18 75,0
12 Comportamento do consumidor 22 22 100
13 Patrimônio 15 01 6,6
Antropologia 15 04 26,6
14 História 14 09 64,3
15 Tecnologias 13 - -

Fonte: Elaborada pelas autoras

Observa-se que somente cinco das 17 disciplinas revelam percentuais inferiores a 64,3%, ressaltando-se o número de sete disciplinas cujos percentuais ficam acima dos 90%, das quais quatro com 100%. Aquelas disciplinas com menor incidência nessas construções sintáticas, distribuem-se prioritariamente na construção X do Turismo (Sociologia e Antropologia) e X e Turismo (Meio Ambiente, Patrimônio), sendo que Tecnologias consta somente desta última.

Se, no horizonte do diálogo interdisciplinar, emerge como tônica, nas análises precedentes, um movimento de mão única com que outras áreas se voltam ao Turismo, um outro aspecto chama a atenção, o qual pode ser ilustrado também por meio da disciplina Antropologia. Num total de 15 incidências, as designações de uma mesma disciplina se distribuem em todas as construções sintáticas elencadas, o que aponta para a multiplicidade de concepções e formas de diálogo interdisciplinar, e, consequentemente, para a relevância de torná-lo objeto de estudo - e isso, particularmente, considerando a presença de cursos de graduação em Turismo em todas regiões brasileiras e, como já destacado, as Diretrizes Curriculares Nacionais no atinente à interdisciplinaridade.

Por outro lado, se é próprio do processo investigativo balizar as análises por teorias consideradas de referência, os dados encontrados, num processo inverso, podem suscitar outras leituras, a partir das quais torna-se possível, até mesmo, divisar novas pesquisas. Nesse sentido, as denominações das disciplinas sistematizadas no conjunto de tabelas levaram a ensaiar novas reflexões as quais poderiam ser caracterizadas como uma contribuição suplementar àquela pretendida com o objeto e objetivo da pesquisa.

Como é possível notar, identificam-se três grupos nas incidências de denominações das disciplinas, para além do que já foi analisado: o das disciplinas de cunho econômico-administrativo (Gestão, Administração, Economia, Contabilidade, Marketing, Estatística, Comportamento do Consumidor), o das instrumentais (Informática, Estatística e Tecnologias) e o das de caráter sócio-humano. As primeiras, prevalentes, cobrem 51% das denominações; as segundas, apenas 12%, restando às demais 37%, dos quais 20% são abrigados pela Geografia, Psicologia e Sociologia. Prepondera, pois, uma concepção formativa pautada pelas demandas mercadológicas.

Independentemente de a leitura crítica não ser foco deste trabalho, entende-se ser este um espaço propício para aqui deixar à reflexão questionamentos de Tribe (2015) no que diz respeito direta e indiretamente ao viés mercadológico identificado, permitindo perspectivar a ampliação da dimensão analítica.

Pergunta o autor: Com base em que decidimos o que ensinar?” [Tradução nossa] (Tribe, 2015, p. 17). Ressalta que o mundo, movendo-se rápido e, de alguma forma, fora do nosso controle, tem reflexos nos currículos. Estes podem apresentar características aleatórias e ocultas, ser apenas adequados a uma realidade, ser pensados para interesses especiais. Reportando-se a Ayikoru et al. (2009), observa, por exemplo, a frequência com que as universidades acolhem com bastante facilidade as práticas de gerencialismo e do neoliberalismo.

Um exemplo do primeiro é o uso generalizado de tabelas classificatórias, metas-chave de desempenho e gerenciamento (e aprendizado) por objetivos. As agendas neoliberais incitam da mesma forma as universidades a serem competitivas, empreendedoras, lideradas pelo mercado e com proficiência em relações públicas. Assim, o currículo universitário é pego entre "servir ao bem maior" e servir de conhecimento prontamente mercantilizado. Consequências disso: a desprofissionalização dos acadêmicos e a aprendizagem superficial dos estudantes [Tradução nossa]. (Tribe, 2015, pp. 18-19)

Nesse sentido, fica o alerta de que, em processos educacionais acadêmicos (aqui no âmbito do Turismo), decisões sobre conhecimentos a serem incorporados ao currículo necessitam também romper membranas que resguardam e ocultam aspectos subliminares (intangíveis do currículo), os quais, se percebidos, mobilizariam o pensar, destituindo-lhe de justificativas alicerçadas somente no que se é apresentado como obviedade. E, sob uma outra ótica, isso nos conduz a perguntar: Tal “obviedade” não poderia configurar-se como uma variável interveniente na denominação dos componentes curriculares?

6 À GUISA DE CONSIDERAÇÕES FINAIS

Se no e do ato enunciativo emanam vozes dos sujeitos que se instituem como enunciador e enunciatário em vínculo com o objeto enunciado, que vozes seriam então passíveis de inferir da análise sintático-semântica das denominações das disciplinas?

Não se pode ter respostas categóricas a essa pergunta. Entretanto, lembremos de que se trata de componentes de estruturas curriculares documentalmente inseridas no Projeto Pedagógico do curso, e, como tal, carregando em si a propriedade de constituir-se em uma das formas de materialidade de um currículo pensado, em sendo posto ou a ser posto institucionalmente em ação, em suas múltiplas dimensões.

Vale novamente assinalar: a palavra não é neutra. Isso implica também dizer que essas denominações encerram enunciados impregnados de marcas explícitas ou implícitas das vozes dos sujeitos que as formularam, como também marcas retonalizadas por outras vozes instituídas quando do contato de outros tantos sujeitos com essas mesmas denominações, em diferentes espaços e tempos. Enfim, vozes marcadas ideológica e socialmente, circunscritas na história, compondo a história de cada um.

Os resultados apontados vêm igualmente reforçar a ideia de que a denominação de um componente curricular não se esgota quando do seu registro formal. No e pelo ciclo interativo da linguagem, ela se faz sempre processo de produção de sentido e, como tal, requer atenção especial desde sua formulação. No caso específico das designações constituídas por construção sintática envolvendo duas áreas de conhecimento, pôde-se verificar o papel nodal que aí exerce a escolha do elemento verbal de ligação, influenciado pelo, ou influenciando o valor conceitual dos termos antecedente e subsequente. Mas não só. Por esse mesmo ciclo interativo, para além do “trânsito” entre as áreas, com esses elementos, estariam, ao mesmo tempo, sendo acionadas perspectivações interpretativas entre o currículo escrito e o vivido.

Em síntese, se o exercício de leitura analítica sintático-semântico realizado entrevia, no horizonte, a possibilidade de buscar respostas a perguntas sobre sinalizações passíveis de serem depreendidas da denominação de componentes curriculares, tendo em foco, numa perspectiva de interdisciplinaridade, o trânsito conceitual entre as áreas (no presente caso, uma delas, o Turismo), ou, até mesmo, a possibilidade de responder a indagações sobre indícios de conceitos ou vieses teóricos de Turismo que poderiam daí emergir, algumas respostas foram dadas, outras ensaiadas. E, outras vezes, como não poderia ser diferente, restaram perguntas.

E, sob uma outra perspectiva, alargando o âmbito interpretativo, também se encontraria nas denominações dos componentes curriculares uma trilha para buscar entrever indiciadores de possíveis status acadêmico que estariam sendo conferidos ao Turismo por outras áreas de conhecimento, os quais poderiam repercutir - ou já estão repercutindo - no próprio status profissional dos que têm formação superior na área.

Nesse quadro, iterando o suposto da não neutralidade da linguagem e conferindo um teor ensaístico às reflexões, o Turismo, na qualidade de “objeto do olhar de outras áreas”, tendendo a ser compreendido como uma “atividade” (de caráter predominantemente econômico-administrativo, conforme números e percentuais encontrados), passaria a assumir a perspectiva de case de estudo dessas áreas, as quais estariam ratificando o “reconhecimento científico” a elas conferido pela Academia e pelo mercado. Por outro lado, há também de considerar o percentual de incidências concernentes às designações expressas pela construção sintática X do Turismo, cujos valores semânticos afetos à contração “do”, já apontados, ensejariam leituras relacionais em que o Turismo estaria delimitando essas áreas, ou delas funcionando como um termo classificador, ou ainda conotando a ideia de “todo”, com o que as áreas postas em relação constituiriam dimensões do próprio Turismo. Esse movimento na direção de um maior “reconhecimento” acadêmico - e mercadológico - ganha tônus com a escolha da construção sintática X e Turismo. Como visto, a conjunção coordenativa “e”, que marca uma relação de adição, possibilitaria pressupor um caminho aberto no sentido de uma simetria relacional.

De toda forma, embora esses dois termos de ligação, “do” e “e”, do ponto de vista semântico, sejam os que poderiam ser vinculados a uma maior tendência para a efetivação de relações dialogais colaborativas, ou mais simétricas entre as áreas, isso só poderá ser corroborado quando examinadas as denominações das disciplinas à luz do Projeto Pedagógico do Curso e, nele, a respectiva concepção curricular.

Finalmente, não obstante não ser cerne deste trabalho uma análise curricular dos cursos de Turismo no Brasil, tampouco um estudo comparativo cotejando currículos no país e no exterior, os elementos advindos da análise sintático-semântica de denominações de disciplinas identificadas nas estruturas curriculares disponibilizadas online podem indiciar especificidades e tendências de abordagens acadêmicas explícitas e subjacentes com relação ao saber científico em Turismo e ao diálogo deste com outras áreas do conhecimento que integram a composição curricular. Por extensão, esses elementos contribuem para construir relevante referencial quando estiver na pauta de discussão a consolidação do Turismo como área científica. De outra parte, para além da depreensão dessas especificidades e tendências, há que se destacar que, não sendo a atribuição de relevância ao diálogo interdisciplinar uma prerrogativa apenas da área do Turismo, os procedimentos analíticos desenvolvidos poderão ser estendidos a outras áreas e cursos. De igual forma, o conjunto de considerações tecidas poderá vir a subsidiar, na forma de um referente complementar, proposições ou revisões curriculares.

Foram, pois, aqui apresentados e discutidos alguns resultados dessa etapa inicial da pesquisa. Porém, como faz parte da dinâmica dos processos investigativos, o percurso analítico cumpriu, nesse estágio de desenvolvimento do projeto, sua tarefa no sentido de fornecer subsídios para revisitar, corroborar ou mesmo rever o problema formulado e os objetivos traçados. Socializado o percurso, abre-se espaço para a crítica intersubjetiva, uma das condições fundamentais na direção de conferir cientificidade ao trabalho.

REFERÊNCIAS

Antunes, I. (2005). Lutar com a palavras: coesão e coerência. São Paulo: Parábola. [ Links ]

Bakhtin, M. (2011). Estética da criação verbal (6a ed.). São Paulo: WMF Martins Fontes. [ Links ]

Bakhtin, M., & Volochinov, V. (1986). Marxismo e Filosofia da linguagem. São Paulo: Hucitec. [ Links ]

Braslavsky, C. (2011). Curriculum. In P. Y. Roux. Quelques documents pour préciser na notion de curriculum [Bureau International d'Éducation/UNESCO] (pp. 3-6). Cap-Vert : Revision Curricula. [ Links ]

Charaudeau, P. (2010). Pour une interdisciplinarité “focalisée” dans les sciences humaines et sociales. Questions de communication. 17 (31), 195-222. DOI: https://doi.org/10.4000/questionsdecommunication.385Links ]

Cunha, C. F., & Cintra, L. (1986). Nova gramática do Português contemporâneo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. [ Links ]

Dicionário Aulete Digital. (2018, março). Rio de Janeiro: Lexikon Editora Digital. Retirado de http://www.aulete.com.br/index.php. [ Links ]

Dubois, J. et. al. (2004). Dicionário de linguística (9a ed.). São Paulo: Cultrix. [ Links ]

Faria, E (Org.). (1962). Dicionário Escolar Latino-Português. Brasília, DF: Ministério da Educação. [ Links ]

Ferreira, A. B. H. (2008). Aurélio: o dicionário da língua portuguesa (2a ed.). Curitiba: Positivo. [ Links ]

Moreira, A. F. B. (1997). Currículo, utopia e pós-modernidade. In A. F. B. Moreira (Ed.), Currículo: Questões atuais (pp. 9-28). Campinas, SP: Papirus Editora. [ Links ]

Neves, M. H. M. (1999). Gramática de usos do português. São Paulo: UNESP. [ Links ]

Observatoire Éducation et Territoires. (n.d.). La question du curriculum? Retirado de https://observatoire-education-territoires.com/curriculum/. [ Links ]

Parecer CNE/CES n. º 288, de 5 de agosto de 2003. (2004, novembro). Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Turismo. Brasília, DF: Conselho Nacional de Educação, Ministério da Educação. Retirado de http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CES_0288.pdf. [ Links ]

Roux, P. -Y. (2011). Quelques documents pour préciser la notion de curriculum (Document 8). Cap-Vert : Revision Curricula. Retirado de https://projetadef.files.wordpress.com/2011/03/quelques-documents-pour-prc3a9ciser-la-notion-de-curriculum.pdf. [ Links ]

Sacristán, J. G. (1999). Poderes instáveis em educação. Porto Alegre: Artmed. [ Links ]

Trask, R. L. (2008). Dicionário de linguagem e linguística (2a ed.). São Paulo: Contexto. [ Links ]

Tribe, J. (2008). Turismo, conhecimento e currículo. In D. Airey, & J. Tribe (Orgs.). Educação internacional em turismo (C. Szlak, trad., pp. 77-94). São Paulo: Senac. [ Links ]

Tribe, J. (2015). The curriculum: a philosophic practice? In D. Dredge, D. Airey, & M. J. Gross (Eds.). The Routledge handbook of tourism and hospitality education [versão digital] (F. Scott Fitzgerald Manuscripts, Cap. 2, pp. 17-29). Holanda: Taylor and Francis. Recuperado de Kindle. [ Links ]

Young, M. (2014). Teoria do currículo: o que é e por que é importante. Cadernos de Pesquisa, 44 (15), 190-202. DOI: https://doi.org/10.1590/198053142851Links ]

4Sintático: adjetivo relativo a Sintaxe. Conforme consta do Dicionário de Linguística organizado por Jean Dubois et al. (2004), Sintaxe é definida como “parte da gramática que descreve as regras pelas quais se combinam as unidades significativas em frases” (p. 559). Semântico: adjetivo relativo a Semântica. Trata-se do ramo da Linguística que estuda o significado. O significado das palavras é objeto de estudo da Semântica lexical (Trask, 2008).

5Encontra-se também o emprego do termo “matriz curricular “ou ainda “grade”, o qual encerra traços da estruturação do currículo em disciplinas.

6Morfologia: estudo das formas ou das partes do discurso, de suas flexões e das formações das palavras ou derivação. (Dubois et. al, 2004, p. 559).

7Fonética: Área do conhecimento linguístico que estuda e classifica os sons da fala, especialmente no que se refere à sua articulação e recepção auditiva. (Dicionário Aulete Digital, 2018).

8No Dicionário Aurélio (Ferreira, 2008), encontram-se as seguintes acepções para o verbete “conotação”: 1 Sentido ou significado sugerido ou evocado por símbolo, palavra, coisa, situação etc.; 2 LING. Conjunto das variações (amplificações ou alterações) ou significações secundárias que uma palavra agrega a seu sentido denotativo ou literal, em razão da contiguidade com os demais signos dentro de um contexto e por associações mentais que desencadeiam imagem ou alusões que remetem para significados fora do texto, adquirindo, em consequência, carga semântica plural e multívoca.

Recebido: 19 de Abril de 2018; Aceito: 24 de Agosto de 2018

Contribuição:

Problematização. Construção dos marcos teórico e metodológico. Coleta e organização dos dados. Processo global de análise e intepretação. Formatação final do texto.

Contribuição:

Problematização. Construção dos marcos teórico e metodológico. Análise sintático-semântica. Processo global de análise e interpretação. Revisão textual. Formatação final do texto.

Contribuição:

Construção dos marcos teórico e metodológico. Análise sintático-semântica. Processo global de análise e interpretação. Revisão textual. Formatação final do texto.

Marcela Ferreira Marinho

Doutoranda em Turismo e Hospitalidade, pela Universidade de Caxias do Sul (Bolsista Prosuc-Capes). Mestra em Turismo, pela Universidade de Caxias do Sul. Bacharel em Turismo, pela Estácio FAL de Alagoas. E-mail: marcela_turismo@hotmail.com

Marcia Maria Cappellano dos Santos

Doutora em Educação, pela Universidade Federal de São Carlos. Mestra em Letras, pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Docente permanente, pesquisadora e coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Turismo e Hospitalidade - Mestrado e Doutorado, da Universidade de Caxias do Sul. E-mail:mcsantos@ucs.br.

Luciane Ferreira Todeschini

Doutora em Letras, pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Mestra em Educação e Semiótica, pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Docente permanente, pesquisadora do Programa de Pós-Graduação em Turismo e Hospitalidade - Mestrado e Doutorado, da Universidade de Caxias do Sul. E-mail: lucianetodeschinif@gmail.com.

Creative Commons License This is an open-access article distributed under the terms of the Creative Commons Attribution License