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Turismo : Visão e Ação

versão On-line ISSN 1983-7151versão impressa ISSN 1415-6393

Tur., Visão e Ação vol.18 no.2 Balneário Camboriú Mai./Ago. 2016

http://dx.doi.org/10.14210/rtva.v18n2.p223-250 

Artigo

ESTUDO SOBRE O TURISMO NO ESPAÇO RURAL EM BARRA DO PIRAÍ E SUA RELAÇÃO COM O DESENVOLVIMENTO

STUDY ON RURAL TOURISM IN BARRA DO PIRAÍ AND ITS RELATIONSHIP WITH DEVELOPMENT

ESTUDIO SOBRE EL TURISMO EN ESPACIO RURAL EN BARRA DO PIRAÍ Y SU RELACIÓN CON EL DESARROLLO

Marlen Maria Cabral Ramalho1 

1Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro Faculdades São José – RJ marlen.ramalho@gmail.com

RESUMO

O trabalho tem como objetivo analisar de que forma o turismo em espaço rural tem influenciado no desenvolvimento de Barra do Piraí. Dessa forma, o fator motivacional é pesquisar sobre o papel do turismo em espaço rural no desenvolvimento do município Barra do Pirai, localizado no sul fluminense do Rio de Janeiro, na região conhecida turisticamente como Vale do Café. O grande potencial turístico da região é a história, caracterizada por meio do turismo histórico e pedagógico, dentre outras atividades no espaço rural. O presente trabalhou adotou como metodologia a pesquisa de campo (entrevistas semiestruturadas, questionários), a pesquisa documental e bibliográfica. Os dados das entrevistas e dos questionários foram analisados por meio de algumas categorias de análise, tais como: mercado de trabalho, grau de produção interna, conectividade entre agentes que estão relacionados no setor turístico, relação entre o setor público e o privado, turismo como fonte de renda para os estabelecimentos turísticos e influência do turismo em Barra do Piraí. Neste âmbito, é possível observar que, apesar das potencialidades do município de Barra do Piraí, com suas fazendas e outros patrimônios históricos, os hotéis fazendas, dentre outros empreendimentos turísticos, não têm influenciado de forma eficiente no desenvolvimento do local.

PALAVRAS-CHAVES: turismo rural; desenvolvimento; Barra do Piraí

Abstract

This study examines how rural tourism has influenced the development of Barra do Piraí. The motivating factor of this work is research on the role of rural tourism in the development of Barra do Piraí, a municipality located in the South Fluminense of Rio de Janeiro, in the tourist region known as Vale do Café. The great tourism potential of the region is characterized through historical and educational tourism, and other activities in rural areas. This worked adopted field research as the methodology (semi-structured interviews and questionnaires), as well as documentary and bibliographic research. Data from interviews and questionnaires were analyzed, through categories of analysis such as: the labor market, degree of domestic production, connectivity between agents listed in the tourist sector, the relationship between the public and the private sector, tourism as a source of income for tourism establishments, and the influence of tourism in Barra do Piraí. In this context, it is observed that despite the potential of the municipality of Barra do Piraí, with its farms and other historical buildings, hotels farms, and other types of tourism developments, these have not had an effective influence on the development of the locale.

Key words:  rural tourism; development; Barra do Piraí

RESUMEN

Este trabajo tiene como objetivo analizar de qué forma el turismo en espacio rural ha ejercido influencia sobre el desarrollo de Barra do Piraí. De ese modo, el factor motivacional es investigar el papel del turismo en espacio rural en el desarrollo del municipio Barra do Piraí, situado en el sur fluminense de Rio de Janeiro, en la región turísticamente conocida como Valle del Café. La gran potencialidad turística de la región es la historia, caracterizada por medio del turismo histórico y pedagógico, entre otras actividades realizadas en el espacio rural. Para el presente estudio se utilizó como metodología la investigación de campo (entrevistas semiestructuradas, cuestionarios), la investigación documental y la bibliográfica. Los datos de las entrevistas y de los cuestionarios fueron analizados por medio de algunas categorías de análisis, tales como mercado de trabajo, grado de producción interna, conectividad entre agentes que están relacionados con el sector turístico, relación entre el sector público y el privado, turismo como fuente de ingresos para los establecimientos turísticos e influencia del turismo en Barra do Piraí. En este ámbito es posible observar que a pesar de las potencialidades del municipio de Barra do Piraí, con sus estancias y otros patrimonios históricos, los hoteles rurales, entre otros emprendimientos turísticos, no han ejercido influencia de forma eficiente en el desarrollo del lugar.

PALABRAS CLAVE:  Turismo rural. Desarrollo. Barra do Piraí.

Introdução

O turismo, fenômeno que tem seu desenvolvimento no mundo moderno marcado a partir de meados do séc. XIX, é uma atividade que tem crescido significativamente nas últimas décadas por conta das grandes inovações tecnológicas, principalmente das que se referem aos meios de transportes; do sistema de comercialização e distribuição de produtos e serviços turísticos; do acesso das divergentes camadas sociais às viagens, com destaque à classe média; e da garantia do tempo livre (REJOWSKI; SOLHA, 2005). Nesta perspectiva, o turismo passa a ser intensamente valorizado, visto como uma atividade lucrativa, pois está diretamente ligada à busca da sociedade atual pelo lazer e pela fuga do cotidiano.

Um dos principais aspectos positivos do turismo é a capacidade de gerar emprego e renda, o efeito multiplicador, dentre outras perspectivas econômicas, que têm influenciado o incremento da atividade em posições estratégicas na economia de vários países. Nesta vereda, o turismo tem sido visto como algo imensamente eficaz para o desenvolvimento de algumas localidades. Contudo se, de um lado, o turismo gera riqueza, de outro, pode desencadear processos inflacionários, principalmente na escala local, dentre outras práticas negativas (CRUZ, 2006). Já em relação à justiça social e à distribuição da riqueza, Cruz (2006) salienta, ainda, que a distribuição espacial da riqueza é diferente da distribuição estrutural da riqueza. Assim muitos lugares pobres, que desenvolveram o turismo, não tiveram a sua população local detentora de melhores condições de vida e renda.

De acordo com Tomazzoni (2009), os dados apresentados pela Organização Mundial do Turismo (OMT) poderiam justificar o interesse dos que apostam no turismo como indutor do desenvolvimento. Contudo, apesar do setor ter grande potencialidade de gerar ingressos de divisas para a economia, a atividade pode não justificar o desenvolvimento justo nas localidades receptoras.

O Vale do Café, como é denominado turisticamente pelo Programa de Regionalização do Turismo (PRT- ROTEIROS DO BRASIL), localiza-se no Sul Fluminense do estado do Rio de Janeiro e é composto pelos municípios: Barra do Piraí, Barra Mansa, Engenheiro Paulo de Frontim, Mendes, Miguel Pereira, Paracambi, Paty dos Alferes, Pinheiral, Piraí, Rio das Flores, Valença, Vassouras e Volta Redonda. A região ficou conhecida e foi denominada desta forma devido ao ciclo econômico do café, que ocorreu no Vale Paraíba no século XIX (o apogeu da economia cafeeira foi entre 1835 e 1875). Foi devido a este legado cultural que surgiu uma das grandes potencialidades turísticas da região: o turismo histórico associado ao turismo em espaço rural. Os patrimônios históricos podem ser considerados os principais potenciais turísticos da região, caracterizado pelas fazendas históricas, museus, centros históricos, entre outros.

Barra do Piraí, objeto desse estudo, está distante aproximadamente 100 km da cidade do Rio de Janeiro e possui uma área de 582,1 KM2. As principais atividades econômicas são: agricultura, indústria, pecuária e comércio (PREFEITURA MUNICIPAL DE BARRA DO PIRAÍ, 2014). Ou seja, apesar do potencial, o turismo ainda não é considerado uma das principais atividades econômicas. O município possui alguns casarões da época do café que estão abertos para visitação e/ou hospedagem.

Dentro dessa perspectiva, não se deve olvidar o turismo rural, que também tem emergido na região. Muitas fazendas, inclusive as históricas, têm incrementado o segmento. Outras só podem se autodenominar “rural” devido ao empreendimento estar localizado neste meio. Segundo Almeida e Riedl (2000), o turismo rural pode ser conhecido como uma atividade que ocorre na zona rural, de forma que se integra a atividade agropecuária à atividade turística e surge como alternativa para os proprietários rurais na atual crise fundiária.

Neste sentido, o presente trabalho tem como objetivo analisar de que forma o turismo em espaço rural tem incentivado no desenvolvimento do município de Barra do Piraí. Assim sendo, a situação problema deste trabalho busca entender de que forma o turismo pode incentivar no desenvolvimento do local, por meio dos verificadores estipulados na pesquisa como categorias de análise, conforme será abordado a seguir. Para Sachs (2004), o desenvolvimento de um local ocorre quando promove a efetiva apropriação das três gerações de direitos humanos, como direitos políticos, civis e cívicos; direitos econômicos, sociais e culturais; e o direito coletivo ao meio ambiente e ao desenvolvimento. E ainda, de acordo com o autor (2004, p. 13), importante é diferenciar desenvolvimento de crescimento econômico, entendendo que os objetivos do desenvolvimento vão bem além da multiplicação da riqueza. O mesmo salienta que o “crescimento econômico é uma condição necessária, mas de forma alguma suficiente para alcançar a meta de uma vida melhor (...) para todos”.

A pesquisa baseou-se na revisão bibliográfica: consulta de livros e materiais, como documentos relacionados ao tema; e na pesquisa documental, análise de dados estatísticos sobre o município. Destaca-se ainda a pesquisa de campo, que foi estruturada por entrevistas com agentes envolvidos com o turismo, como proprietários, administradores e funcionários de fazendas históricas e meios de hospedagem no município, Associação e Sindicato do Comércio de Barra do Piraí e Vassouras, a presidente do Conselho Regional de Turismo do Ciclo do Vale do Café (CONCICLO), o presidente do Sindicato Rural de Barra do Piraí e a diretora do Museu em Vassouras, Casa de Hera. A análise da pesquisa foi estruturada com base em alguns verificadores estipulados, entre eles: o mercado de trabalho, onde foram analisados dados sobre número de empregos oferecidos pelos empreendimentos, renda média dos funcionários, sazonalidade, capacitação dos funcionários desses empreendimentos e questão dos free lancers; o grau de produção interna para uso turístico; a conectividade entre agentes turísticos locais, já que essa interação pode ajudar muito no desenvolvimento da atividade em um local; a relação do setor público e privado; o turismo como fonte de renda para esses empreendimentos turísticos; e a influência destes no desenvolvimento no município. Por fim, essas questões foram mescladas com dados econômicos e estatísticos do local. A pesquisa é parte de um trabalho de dissertação sobre turismo e desenvolvimento em Barra do Piraí.

DESENVOLVIMENTO E TURISMO

Conceituar desenvolvimento tem gerado uma imensa discussão nos dias atuais, por causa das suas diferentes vertentes e, por que não dizer, por causa das suas diversas formas de ramificação. Nesse enfoque, apesar de as pesquisas na área evoluírem a cada dia, muitos acreditam que o crescimento econômico e o desenvolvimento são sinônimos, até porque se deve considerar a necessidade de encontrar uma maneira para mensurar o desenvolvimento.

Para outros estudiosos, como David Landes (citado por VEIGA, 2008), a cultura é a principal diferença gerada pelo desenvolvimento econômico. Para ele, as disparidades do desenvolvimento não devem ser atribuídas a condições objetivas, por mais que estas possam ter influenciado o sucesso de algumas nações. Furtado (2000) reforça esse argumento, quando cita que o tema central do desenvolvimento é a criatividade cultural e a morfogênese social.

Diante desses argumentos, Vazquez-Barquero (1999) define desenvolvimento endógeno como algo que busca reconhecer, fortalecer e incentivar os processos internos da sociedade locais por meio da organização de seus próprios recursos, das estratégias sociais, do fortalecimento das estruturas de rede. Ou seja, as recomendações dessa proposta visam transformar o lado social, fortalecendo os valores comunitários.

Outra característica marcante do desenvolvimento endógeno são as decisões locais, o controle local do processo de desenvolvimento e a apropriação dos benefícios do desenvolvimento local pela população local, respeitando os valores culturais (BLOS, 2000). O desenvolvimento local é o resultado de articulações de diversos agentes sociais, culturais, econômicos e políticos de um município em busca de ações estratégicas em longo prazo (DESESER, 1999 apud ALBURBURQUE, 2001).

No caso do turismo, área correlata a este trabalho, esse entendimento também se torna mais complexo, visto que até os últimos anos o turismo tem sido visto como superador de todas as mazelas socioeconômicas das localidades receptoras devido aos potenciais aspectos econômicos ocasionados pela atividade. De acordo com Tomazzoni (2009), a renda tem sido um dos parâmetros mais utilizados para definir desenvolvimento. Entretanto outros parâmetros também são utilizados, como expectativa de vida, educação, saúde, segurança e dimensão psicológica e cultural, que diz respeito à inclusão social. Dessa forma, a ideia de desenvolvimento não pode ser baseada somente em impactos econômicos, mas deve ser analisada em um conjunto de fatores que se inter-relacionam, visando a uma vida com qualidade. Para Sen (2000), a conotação de desenvolvimento está relacionada ao processo de expansão das liberdades reais que as pessoas desfrutam, ou seja, o desenvolvimento estaria associado à falta de liberdade, seja para saciar a fome (aspectos relacionados a problema), ou seja em relação às restrições impostas para a participação da vida social de uma comunidade, por exemplo.

Outra variável interessante é a mobilidade social. Ou seja, quanto maior o número de pessoas com renda inferior às estabelecidas pela linha de pobreza ascender socialmente, maior será o desenvolvimento. Destaca-se que o presente trabalho utiliza os conceitos expostos anteriormente para estipular as categorias de análise de dados, o que será abordado a seguir.

Explicando o aspecto econômico da atividade turística, Saab (2012) explica que se trata de um setor com grande vocação para a geração de empregos diretos e indiretos, o qual já constitui um efeito relevante em termos de política econômica, sem citar o efeito multiplicador ocasionado pela atividade. Em suma, muitas localidades têm buscado no turismo uma alternativa para o desenvolvimento tardio e historicamente conturbado.

Para Brandão (2007), o desenvolvimento como um alargamento de horizontes de possibilidades se denota em dois vieses: o primeiro seria relacionado às formas de se projetar para o futuro em conjunto com certos elementos para este fim; e o segundo estaria relacionado àquele que deve frustrar as ações que prejudicam a construção social. Para o autor, o pensamento que o desenvolvimento é algo tranquilo e equilibrado é um conceito “vulgar” do termo, já que desenvolvimento é um estado de tensão. “Significa predispor-se o tempo todo, a embaraçar, estorvar, transtornar e obstaculizar as forças do atraso estrutural. Desenvolvimento é a anti-serenidade, a anticoncórdia prévia, é a não paz de espírito” (BRANDÃO, 2007, p. 200).

E, ainda, Brandão (2012) acredita que o desenvolvimento resulta de variadas e complexas interações sociais que buscam o alargamento de possibilidades de determinada sociedade. Ou seja, o processo de desenvolvimento vai muito além de apenas o crescimento econômico, ele impõe o envolvimento de diversos fatores, tais como: “de ações disruptiva e emancipatórias, envolvendo, portanto, tensão, eleição de alternativas e construção de trajetórias históricas, com horizontes temporais de curto, médio e longo prazo” (BRANDÃO, 2012, p. 70). É necessário que esse processo inclua uma parcela de populações marginalizadas dos frutos do processo técnico, de centros de decisão locais e ter sustentabilidade ambiental (BRANDÃO, 2012).

Logo, estabelecer o turismo numa posição de superador de todos os problemas estruturais existentes no país pode ser uma visão distorcida do fenômeno. Não que a atividade não seja uma atividade de muitíssima importância para o desenvolvimento de uma localidade. O turismo, quando planejado, é de grande valia para os destinos. Entretanto, para que haja o desenvolvimento, é necessária a soma de diversos aspectos, ou seja, ter somente a atividade turística como vetor de desenvolvimento pode ser uma visão muito micro do processo.

Urry (2000, p. 64) discute a dicotomia existente entre crescimento econômico e desenvolvimento ocasionado pela a atividade, quando afirma que

Uma das perguntas que devem ser formuladas sobre o desenvolvimento do turismo é desenvolvimento para quem? Muitas das facilidades que resultam do crescimento do turismo, como atividade econômica- aeroportos, campos de golfe, hotéis de luxo e outros- são poucos benefícios para a massa da população indigente. A maior parte da riqueza que é gerada é assimetricamente distribuída, e a maior parte da população dos países em desenvolvimento participa de uma pequena parcela dos benefícios. A maioria dos empregos gerados nos serviços relacionados ao Turismo é relativamente de baixa capacitação e pode reproduzir o servilismo característico dos regimes coloniais. Deve-se perguntar, entretanto, se muitos países têm outras alternativas ao turismo com estratégias do desenvolvimento (URRY, 2000, p. 64).

Já para Faria (2012) a capacidade do turismo de influenciar o desenvolvimento é executá-lo de modo que se alcancem os objetivos do desenvolvimento por meio da percepção das pessoas que vivem neste destino. E, ainda, não é o turismo que incentiva o desenvolvimento em um país menos desenvolvido, e sim a dinâmica do desenvolvimento local que pode converter o turismo em uma atividade favorável ou não.

Por fim, pensar em desenvolvimento com algo calmo é um equívoco. E pensar na atividade turística como superadora para todas as mazelas socioeconômicas da sociedade, pela capacidade da atividade gerar emprego e renda, pode ser uma visão reducionista do fenômeno.

TURISMO EM ESPAÇO RURAL

O turismo rural e/ou o turismo em espaço rural tem evoluído bastante nas últimas décadas, principalmente devido à busca das pessoas de ar puro e vida calma, aspectos característicos da vida rural. Neste cenário, o setor de serviços, como o turismo, tem alcançado importante posição na geração de empregos e renda num meio anteriormente exclusivamente agrícola.

Para Baptista (2001), o rural no século 20 diferenciava-se do urbano devido ao ordenamento de espaço de algumas variáveis (ambientais, ocupacionais, sistema de integração social, entre outros) que ocorrem em polos extremos. Todavia algumas dessas variáveis foram se modificando ao longo da história, tais como: a nova propriedade não ser mais absoluta, a modernização da agricultura, a população rural engajada com as regiões adjacentes a cidades, a inserção da indústria no meio rural e a redução das diferenças entre a cidade e o campo.

Para Abramovay (2003), o rural pode se caracterizar por meio de três aspectos principais: a existência de áreas não densamente povoadas, a relação do meio com a natureza e a dependência do sistema urbano. Todavia, mesmo com diversas definições e significados, para o autor (p. 382), existe certo consenso no conceito de meio rural, seriam eles:

a) rural não é sinônimo de agrícola e nem tem exclusividade sobre este; b) rural não é multisetorial (pluriatividade) e multifuncional (funções produtivas, ambiental, ecológica, social) c) as áreas rurais têm densidade populacional relativamente baixa; d) não há um isolamento absoluto entre os espaços rurais e as áreas urbanas. Redes mercantis, sociais e institucionais se estabelecem entre o rural e as cidades e vilas adjacentes (ABRAMOVAY, 2003, p. 382).

Nessa vereda, a discussão sobre a dicotomia rural urbano não é recente. Lefebvre (1986) buscou entender o espaço rural-urbano por meio das funções que cada um exerceu em diferentes momentos da história, destacando-se a era agrária, a industrial e a urbana. Dessa forma, o tecido urbano vai muito além da cidade construída, podendo ser considerado o “conjunto de manifestação conjunto de manifestação do predomínio da cidade sobre o campo” (LEFEBVRE, 1972, p. 10). Ou seja, o espaço rural passa a ser continuidade do urbano.

Assim, para Silva (1997) o rural pode ser caracterizado como uma continuação do urbano do ponto de vista espacial e não propriamente agrícola do ponto de vista econômico. Ou seja, pode-se dizer que o meio rural brasileiro se urbanizou nas duas últimas décadas, como resultado do processo de industrialização da agricultura, de um lado, e, de outro, do transbordamento do mundo urbano naquele espaço que tradicionalmente era definido como rural. Como resultado desse duplo processo de transformação, a agricultura – que antes podia ser caracterizada como um setor produtivo relativamente autárquico, com seu próprio mercado de trabalho e equilíbrio interno – se integrou ao restante da economia a ponto de não mais poder ser separada dos setores que lhe fornecem insumos e/ou compram seus produtos.

Em meio a esta discussão, pesquisas da década de 90 e ano 2000 sobre a População Economicamente Ativa (PEA)1 no meio rural demonstram que as atividades não agrícolas na estrutura agrária brasileira têm despontado bastante. Na década de 1990 observa-se que a taxa que indica o número de pessoas ocupadas em atividades não agrícolas cresceu 2,5% ao ano, taxa superior ao desempenho do PEA, que caiu 2,2% ao ano (SILVA, 1997). Destaca-se, ainda que, na década de 90, mais de 40% do PEA rural estava ocupada em atividades não agrícolas, tais como: serviços pessoais e agroindústrias.

O novo rural tem incorporado características relacionadas ao lazer e ao ludismo, que para Schneider e Fialho (2000, p. 31) tem contribuído “para a redefinição de percepções simbólicas da população de extração urbana”. De forma que os fatores que estariam relacionados a essa transformação seriam: aumento do tempo livre proporcionado pela evolução tecnológica de várias áreas; melhorias de vias de acessos e comunicação entre os centros urbanos e o meio rural, proporcionando uma redução no tempo de deslocamento; crescimento das residências secundárias, sítios de lazer e condomínios fechados em áreas rurais; fuga do estresse e do alto custo de vida das cidades decorrentes do crescimento intenso e desordenado das cidades; e busca de uma parcela crescente da população em busca do exótico e de um contato maior com a natureza e as áreas mais isoladas.

O MUNICÍPIO DE BARRA DO PIRAÍ

O município de Barra do Piraí é marcado pela presença de patrimônios históricos característicos da época do Ciclo do Café. Segundo a Prefeitura Municipal de Barra do Piraí (2013), o povoamento da cidade foi por meio da doação de sesmarias em 1761 e 1765 a Antonio Pinto de Miranda e Francisco Pernes Lisboa. Eles foram os primeiros colonizadores e senhores de escravos da área, cuja dedicação era à agricultura. Em 1853, estas sesmarias se interligaram por uma ponte construída pelo comendador Gonçalves Morais. Nas proximidades deste local, foi edificado o Hotel Piraí e, logo após, novas edificações. Neste momento, os comendadores João Pereira da Silva e José Pereira de Faro (Barão do Rio Bonito) estabeleceram o povoado de Santana.

De acordo com o Censo de 2010, com população total de 94.778 (IBGE, 2014), o município possui Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) considerado médio (0,733), que vem crescendo ao longo do ano. Quanto à população rural do município, de acordo com o Censo, era estimada em 2.821 habitantes, ou seja, aproximadamente 3% do total de habitantes no município. Enquanto que em 2000 a população rural do município era maior, estimada em 3.687 habitantes de um total de 84.816 pessoas.

O Atlas de Desenvolvimento Humano (PNUD, 2014) menciona que as principais ocupações da população de Barra do Piraí (18 anos ou mais) diagnosticadas no Censo 2010 foram: 3,76% se encontravam no setor agropecuário; 0,64% se encontrava no setor extrativo mineral; 16,45% se encontravam na indústria da transformação; 1,35% se encontrava no serviço industrial de utilidade pública (SIUP); 8,68% estavam ocupados no setor de construção; 17,62%, no comércio e 46,82%, no setor de serviços.

Assim, o turismo no Vale do Café pode ser caracterizado como consequência da evolução histórica que a região sofreu com o apogeu e o declínio do Ciclo do Café, que por muitos anos influenciou a economia do país. Ou seja, a vivência das famílias tradicionais da época e a questão da escravidão são apresentadas por meio de visitas guiadas às fazendas históricas, aos museus e às praças da região. Somado a isso, existe o turismo rural que, muitas das vezes, pode ser muito associado ao turismo histórico da região, já que muitos empreendimentos hoteleiros denominados hotéis fazenda são representações do turismo rural e possuem como atividades ou atrativos a apresentação história da fazenda e do casarão através da representação do cotidiano vivido na época dos barões do café.

Segundo Lucas (2001, p. 257):

A região do Vale do Rio Paraíba do Sul foi cenário privilegiado deste ciclo, que promoveu a riqueza do país através da derrubada maciça da Mata Atlântica. A implantação da lavoura cafeeira deixou como legado histórico o patrimônio arquitetônico dos solares imperiais e a pecuária extensiva, ocupando de modo decadente a região já desgastada pela monocultura (...).

No município são encontrados pelo menos 04 (01 não foi possível contato para pesquisa de campo) hotéis fazenda, além da existência de 01 hotel dessa característica na região limítrofe entre Barra do Piraí e Vassouras. Dois dos quatro hotéis fazendas visitados possuem atrativos históricos associados, podendo o visitante decidir se irá pernoitar ou não. Alguns meios de hospedagem, além de dar oportunidade do hóspede de pernoitar, oferecem também roteiros de um dia, denominados ‘day use’, oportunizando ao visitante passar o dia aproveitando diversos atrativos, como pesque-pague, andar a cavalo, caminhar, sem a necessidade de se hospedar. O local possui duas fazendas históricas que oferecem visitação, 02 hotéis de lazer, dentre outros meios de hospedagem que estão localizados no meio urbano (não será abordado no trabalho, pois o foco é o rural). Salienta-se que existe um hotel fazenda no local que não aceitou participar da pesquisa.

METODOLOGIA E ANÁLISE

A pesquisa faz parte de um trabalho de dissertação sobre o mesmo tema e pode ser considerada como qualitativa, já que observa uma relação entre o mundo real e o sujeito, isto é, há um vínculo entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em números. Baseia-se na interpretação dos fenômenos e na atribuição de significados (MENEZES; SILVA, 2001). Quantos aos fins, pode ser considerada explicativa, na medida em que o principal objetivo é justificar motivos (MORESI, 2015).

Quanto aos procedimentos técnicos (GIL, 1999), a pesquisa foi baseada na revisão bibliográfica: consulta de livros e materiais impressos relacionados ao turismo e ao turismo rural, ao desenvolvimento e ao crescimento socioeconômico, à geografia, ao espaço, à territorialidade, à história sobre a região do Vale Paraíba e aos conhecimentos afins, além de documentos e arquivos provenientes de órgãos públicos e privados (tais como inventários turísticos e dados sobre a história da região e da sua relação com o turismo, além de documentos de divulgação dos locais ou da região). Dados como IDH, PIB, dentre outras informações estatísticas, foram utilizados e analisados também.

Além da pesquisa bibliográfica, foi realizada uma pesquisa de campo com a realização de entrevistas estruturadas em roteiros com 26 agentes relacionados ao turismo local. Utilizou-se também a aplicação de questionários com 21 turistas que visitavam a região, com finalidade de entender a percepção destes em relação à temática. A pesquisa de campo ocorreu no período de janeiro a dezembro de 2013. Neste sentido, a amostra pode ser considerada não probabilística, de forma intencional, já que a amostra foi aquela que representa o bom julgamento da população da pesquisa. Ou seja, a amostra foi selecionada de acordo com as diferentes perspectivas de atores que são relacionados ao desenvolvimento local e o turismo, passando por trabalhadores da área, sindicato rural e representantes de órgãos públicos e privados locais e regionais, além da seleção ao acaso de alguns turistas que visitavam o local no respectivo período.

Foram entrevistados seis proprietários e administradores de 06 empreendimentos hoteleiros da região: 03 hotéis fazenda em Barra do Piraí, 01 hotel fazenda em Vassouras (esse hotel foi escolhido, devido à sua localização limítrofe com Barra do Piraí, não causando danos à pesquisa) e 02 hotéis (resorts) de lazer. É importante observar ainda que estes dois hotéis de lazer foram escolhidos devido eles se localizarem em área rural e possuírem atividades recreativas relacionadas ao meio rural. Outros entrevistados também foram: proprietários e funcionários de duas fazendas históricas, que recebem apenas visitação, sem pernoite.

Outros agentes relacionados ao turismo na região também foram entrevistados, dentre eles: representantes de associações e sindicatos do comércio de Barra do Piraí e Vassouras, já que o turismo tem grande relação com o desenvolvimento do comércio nessas cidades. Outra entrevistada em Vassouras foi a diretora do atrativo Museu Casa de Hera, devido ao museu ser um importante atrativo que é visitado por turistas que se hospedam em diversos locais e visitantes que passam o dia em Vassouras. Por fim, foi entrevistada a secretária de turismo do município de Barra do Piraí na época da sua gestão (atualmente mudou o secretário de turismo, tal como o prefeito e os seus dirigentes), a coordenadora de turismo de Vassouras, a presidente do Conselho Regional de Turismo do Vale do Ciclo da Café e o presidente do Sindicato Rural de Barra do Piraí.

Assim, foram estipulados alguns verificadores qualitativos como categoria de análise do desenvolvimento do turismo no município, entre eles: o mercado de trabalho, em que foram analisados dados sobre número de empregos oferecidos pelos empreendimentos, renda média dos funcionários, sazonalidade, capacitação dos funcionários desses empreendimentos e a questão dos free lancers; o grau de produção interna para uso turístico, ou seja, como os empreendimentos turísticos produzem para consumo ou não, característica inerente ao turismo rural; a conectividade entre agentes turísticos locais; a relação do setor público e privado; o turismo como fonte de renda para esses empreendimentos turísticos; e a influência destes no desenvolvimento do município. Estes verificadores foram estipulados de acordo com a conceituação de desenvolvimento citado no texto. Por fim, essas questões foram mescladas e analisadas em conjunto com dados econômicos e estatísticos do município.

  • 1- Mercado de trabalho no turismo

Conforme citado anteriormente, no meio rural tem se notado um crescimento de atividades não agrícolas e pecuárias, destacando-se o turismo. Dessa forma, o turismo tem sido causador do crescimento de ocupações não agrícolas em muitas localidades rurais do Brasil.

Já em relação ao número de empregos, observou-se na pesquisa que os hotéis fazenda buscam jovens da região e estes veem no turismo uma forma de aprendizado, não se preocupando em trabalhar finais de semana ou feriados. Segundo a recepcionista do hotel fazenda B, trabalhar com o turismo:

Foi muito bom, para mim tem sido muito bom, porque você conhece outras pessoas e conversa igual aqui. Essa fazenda que eu não conhecia e vejo os turistas falando que passou em novelas. Para mim foi até uma forma de estudo (Recepcionista Hotel fazenda B).

Para a recepcionista, que ocupa o seu primeiro emprego, trabalhar no empreendimento foi uma oportunidade de aprendizado. Segundo o auxiliar da gerência do mesmo meio de hospedagem, em alta temporada, contando com os free-lancers, o hotel chega a possuir de 30 a 35 funcionários.

A criação de empregos free-lancers se dá principalmente por causa da sazonalidade, em especial também devido aos principais hotéis funcionarem apenas final de semana. Dentro do aspecto positivo, tem o fato desse tipo de emprego não deixar que faltem postos de trabalhos e muitos trabalhadores possuem mais de uma ocupação. Todavia, esse modelo de emprego não permite que os trabalhadores rurais se capacitem para o setor e tenham maiores oportunidades de trabalho.

De acordo com 07 proprietários ou administradores de empreendimentos rurais, a média de empregados nos hotéis fazendas varia um pouco. Para os hotéis com mais unidades habitacionais, existem de 17 a 20 funcionários. Já os meios de hospedagem de porte pequeno, o total de funcionários fica em média de 6 pessoas. E as fazendas de visitação funcionam com 02 a 04 funcionários.

Com exceção do parque aquático, que oferece mais de 300 empregos diretos.

É importante observar que, dentro dessa estatística, muitas vezes foram contabilizados também os empregados free-lancers, já que grande parte dos meios de hospedagem trabalha apenas final de semana ou estão à mercê da sazonalidade, o que deixa cara a contratação de um funcionário fixo, mesmo que a fazenda produza também, pois o perfil dos trabalhadores do turismo é diferente dos trabalhadores do campo. Para solucionar o problema, o proprietário de um hotel fazenda, por exemplo, contrata duas equipes, uma trabalha de segunda a sexta e outra de sexta a domingo.

Já do ponto de vista do presidente do Sindicato Rural de Barra do Piraí, é muito difícil o funcionário rural se inserir no turismo rural, devido a diversos fatores, entre eles a falta de qualificação que o setor necessita:

O emprego neste turismo rural, hoje está muito baixo. Porque é mão de obra especializada. Eu não pego um homem rural e transformo ele em um garçom. Eu não transformo ele em um guia. Eu preciso de investimento para transformar esse homem. Hoje que escolhe o turismo rural ou treinou ou trouxe de fora. Há emprego, mas ainda não é uma realidade. Não cumpre seu papel. Ainda não distribuiu renda (Francisco Leite, Presidente Sindicato Rural de Barra do Piraí).

Dessa forma, observa-se o crescimento no número de empregos, no entanto, ainda não é suficiente para inserção das comunidades locais, motivo pelo qual muitos jovens têm buscado melhores condições de vida nas cidades, situação que geralmente é observada em localidades no meio rural.

  • 2- Grau de Produção Interna

O turismo rural é conhecido como uma atividade que ocorre no meio rural, de forma que os proprietários integram o setor à produção (atividades agrícola e pecuária), sendo o turismo considerado uma fonte para complementar a renda. Dessa forma, mesmo que o hotel fazenda tenha sido construído para esse fim, diferentemente da fazenda-hotel, é necessário ter no leque das suas atividades algo relacionado com a lida do campo ou a vida do homem cotidiano local. Ou seja, na maioria das vezes o hotel produz alimentos ou para o seu sustento ou apenas como representação do que seria uma vida rural. De forma que, quando há a análise da segunda opção, pode-se converter em um grande equívoco, já que a atividade não seria natural do local, mas inventada para vender esse produto turístico.

Em Barra do Piraí todos os hotéis entrevistados possuem pelo menos pequenas características inerentes a hábitos de uma vida do campo, como horta, atividades de cavalgada, entre outros (apesar do significado de rural ter mudado bastante, ou seja, muitos hábitos estão relacionados à vida urbana, como empregos não agrícolas). Assim, grande parte dos empreendimentos produz alimentos para o consumo (mesmo que seja em pequena quantidade). Os administradores ou proprietários desses meios de hospedagem afirmaram quando perguntados se o hotel produzia algo:

Então, alguma coisa vai passar a produzir. Mas assim, não, não. Alguma coisa vai passar a produzir. Não. Em termos de doces de compota, igual a esse chá imperial, muitas coisas são fabricadas aqui no hotel. (Funcionário Hotel Fazenda B).

Dentre os alimentos e outros produtos que esse empreendimento hoteleiro produz estão: aves, alguns legumes e verduras, massas, boa parte dos ovos, sucos e algumas frutas, biscoitos e doces (que são utilizados no ‘Chá Imperial’, encenação de um chá das famílias aristocratas rurais na época dos barões do café). Os demais produtos, como carnes vermelhas, laticínios, pães, cereais, biscoitos, bebidas, soja, café, material de limpeza e outros utensílios, são comprados em lojas e mercados da região. Os peixes chegam de Angra dos Reis e apenas os ovos são fornecidos por um produtor rural da região.

De acordo com o presidente do Sindicato Comercial de Barra do Piraí, os turistas não passam no centro da cidade ou em lojas do município, pois possuem acesso a tudo de que precisam nos hotéis, o que pouco influencia no comércio local. Todavia, de acordo com os mesmos, muitos meios de hospedagem compram na região, o que influencia muito nesse setor.

O hotel fazenda C salienta que efetua suas compras no supermercado e também produz outros alimentos. Segundo o proprietário:

As principais são dos supermercados daqui da região. As principais coisas. Mas nós. Ai é outra coisa do turismo rural. É muito importante isso, que é a produção própria. Tem dois aspectos muito importantes dessa coisa: redução do custo e que os hóspedes quando vem, veem aquilo que estão comendo. Aqui eu faço questão de disser para eles todos: ‘oh, você vai na horta para ver, que aqui não entra defensivo agrícola, nunca entrou aqui. Vai na horta vê, como que é plantada lá sua alface, seus legumes e coisas, que podem comer”. Bem eu costumo dizer o único lugar que eu como legumes cru é aqui. Porque a gente sabe que não tem. Então essas duas coisas, estes dois aspectos é muito bom. (Proprietário Hotel Fazenda C).

Por meio da análise dos questionários e das pesquisas realizadas, nota-se que apenas um entrevistado falou sobre a compra de produtos em produtores rurais. Mesmo que não seja visível em Barra do Piraí, a elaboração de um roteiro turístico ou a formação de meios de hospedagem em propriedades de pequenos agricultores rurais, bem como a compra de produtos em propriedades caracterizadas pela agricultura familiar por parte dos empreendimentos turísticos da região, seria uma ótima oportunidade para o desenvolvimento local.

Nessa vereda, de acordo com o presidente do Sindicato Rural, quando perguntado se existe alguma relação do turismo rural com o produtor rural, como a venda de produtos para empreendimentos hoteleiros ou do ramo, ou propriamente como um ponto de atração turística para visitação ou para alojamento em suas propriedades, o mesmo respondeu:

Ainda não. É o que a gente fala de turismo rural e turismo no meio rural. Existe uma diferença muito grande nisso daí. Não é porque que é hotel fazenda que é turismo rural. Você tem o rural dentro daquele hotel, mas ele não é rural. Turismo rural é quando você tem a convivência com as atividades e as praticas agrícolas. Isso nós ainda não conseguimos. Diferente da região do Espírito Santo. Nós temos lá caso de sucesso, Venda Nova do Imigrante. Aqui nós estamos lutando nessa ideia de Venda Nova do Imigrante a mais de dez anos. E nós não conseguimos avançar. (Francisco Leite, Presidente do Sindicato Rural de Barra do Piraí).

Neste sentido, observou-se que a grande maioria dos empreendimentos hoteleiros locais não produz para a própria subsistência e muitas vezes quando esse fato acontece, é apenas para ‘apresentar’ aos turistas o cotidiano da vida do campo.

Foi perguntado aos turistas se haviam realizado alguma atividade tipicamente rural e, se sim, quais. A maioria afirmou que nunca fez nenhuma atividade desse tipo no empreendimento e em nenhuma visita à região anteriormente (43%), 9% ou já fez alguma atividade ou realizou uma caminhada na visita àquele hotel no dia; grande parte dos entrevistados não respondeu a pergunta (24%); e o restante ou não praticou nenhuma atividade, devido já ter vivido em área rural (5%), ou apenas realizou observação de alguma atividade, como minhoqueiro (5%) e/ou praticou o plantio de hortaliças. É importante salientar que grande parte dos entrevistados, conforme dito anteriormente, estava visitando o local para a apresentação histórica (visita guiada e interpretada), no entanto, estavam hospedados em um hotel em Valença. Já a maioria que estava hospedada no hotel respondeu que havia praticado ou observado alguma atividade do ‘homem rural’ na estadia.

  • 3- Conectividade entre agentes turísticos

Os laços entre agentes, espaços de discussão, dentre outros, podem ser interessantes estratégias para o desenvolvimento de localidades. Assim, o conceito de redes pode estar relacionado a uma forma particular de associação, de natureza horizontal2, que reúne voluntariamente diversos atores que interagem entre si de maneira sistêmica, compartilhando valores e implantando ações que geram benefícios coletivos, influenciando positivamente empresas, comunidades e setores. É importante ressaltar, ainda, que a interação entre atores tem superado muitas situações não favoráveis no âmbito social e empresarial (GRAY, 1989; ASTLEY, 1984; BRESSER; HARL, 1986; CARNEY, 1987 apud VALE, AMÂNCIO; LIMA, 2006).

Analisando a aplicação do conceito em Barra do Piraí, verifica-se pela pesquisa que existe alguma forma de laço de cooperatividade entre os atrativos (mesmo que mínima), já que um indica o outro, mesmo com o fato de a maioria dos meios de hospedagem se caracterizar pelo sistema all incluse, cujo hóspede tem praticamente tudo dentro do hotel. Todavia, existe um desconforto quando a indicação é para uma visita a um patrimônio histórico que também é um meio de hospedagem, devido à competitividade. Contudo, não existe uma rede formalizada, com exceção a formação do Conselho Regional de Turismo do Ciclo do Vale que Café (CONCICLO), que objetiva integrar os setores privado e público da região em prol do desenvolvimento do turismo. A atual presidente do conselho explana sobre qual seria o papel do órgão na região do Vale do Café Fluminense:

O Conselho nasceu exatamente para criar forças, primeiro unir, a iniciativa privada e o poder público. Fazer com que essas pessoas de alguma forma caminhassem juntas, já que todos estão trabalhando pela mesma coisa. A princípio, estaríamos todos trabalhando para o desenvolvimento do turismo na nossa região. E unir forças, partindo de um princípio que os empresários da região e os secretários de turismo de toda a região, nós teríamos uma grande representatividade, diante do estado, diante da federação. Então o nosso grande desafio, é realmente, nos fazer representar e conseguir conquistar um espaço melhor e permitir que o turismo se desenvolva na região. (...) Então o quê que o Concliclo tem fazer, é unir esses interesses e tentar fidelizar esses turistas, esses clientes e tentar fazer com que ele circule. Como fidelizar e fazer com que ele possa circular na região. O cliente de Vassouras hoje, pode ser o cliente de Miguel Pereira amanhã, de Conservatória em uma outra oportunidade e por aí vai. Porque tem muito para vir e descobri internamente na região. (Ana Lúcia, Presidente Conselho Regional do Vale do Ciclo do Café e Proprietária do Hotel Santa Amália).

Analisando a interação entre diferentes empresas e instituições, observa-se que a relação entre empresas ligadas ao turismo ocorre informalmente, por meio de indicação para visita.

Por outro lado, o proprietário da fazenda histórica B afirma que geralmente os visitantes vão ao local por indicação de outros hotéis:

(...) Os hotéis me mandam, porque, também é uma cultura, aquela cultura pobre de hotel. Se eu fosse um hotel aqui eles não mandavam. Existe essa briguinha de hotel com hotel. Como eu não sou hotel, todo mundo me manda, porque eu não sou concorrente dele. (Proprietário Fazenda histórica B).

Diante da afirmativa que existe, mesmo que mínimo, um grau de cooperação entre os agentes turísticos locais, é preciso incentivar discussões que incluam agentes não só locais como de âmbito regional. É necessário que os empresários locais se adaptem ao conceito de empreendedor coletivo, que busca uma ruptura com o paradigma de competição para um baseado na cooperação. De forma que esse empreendedor coletivo tem o papel de questionar e finalizar com modelos existentes, gerando uma nova dinâmica organizacional, além de informar o grupo dos benefícios da cooperação, gerando assim um ambiente de possíveis interações e troca de experiência para a garantia de uma ação cooperada e integrada (VALE; AMÂNCIO; LIMA, 2006).

É necessária também uma maior aproximação com os produtores rurais, incentivando as propriedades de agricultura familiar a vender para estes empreendimentos e turistas ou ainda utilizar sua propriedade como atrativo turístico. Poderia se criar um produto típico local que incentivaria a inserção de produtores rurais locais na cadeia produtiva do turismo. Logo, fica claro que, apesar de haver uma cooperação informal no município e na região, ainda não há uma dinâmica cadeia produtiva do turismo, devendo ser destacado como ponto estratégico em busca do desenvolvimento.

  • 4- Conectividade entre o setor público e o privado

De acordo com Dias (2005), o turismo é profundamente dependente do setor público, de tal forma que se pode colocá-lo como principal responsável pela qualidade do produto turístico. Neste sentido, a atividade turística depende da interação de diversos agentes, de forma que a conectividade entre setor público e privado pode ser de imensurável valor ao crescimento de um lugar.

Observou-se pela pesquisa de campo que existe certa relação entre os empresários ou responsáveis pelos empreendimentos turísticos locais e órgãos da esfera pública, entretanto ainda é incipiente, o que pode ser transferido para a qualidade do produto turístico.

De acordo o proprietário do hotel fazenda C, existe uma relação comercial e institucional entre eles e o setor público, e alguns representantes até visitam o local:

Existe relação comercial e institucional. É até boa a relação. (Proprietário hotel fazenda C).

Destaca-se que o auxiliar de gerência do hotel fazenda B afirmou que o maior entrave para o desenvolvimento do turismo no local é o apoio dos políticos:

O apoio dos políticos. (Funcionário Hotel fazenda B).

Para o proprietário da fazenda histórica B:

O maior empecilho, a política. É não ter gente capacitada, você sabe disso, em esfera municipal, estadual e federal. Não funciona nenhuma, então fica difícil. Por exemplo, sinalização, você conhece a região? Quando você chegou em Barra do Piraí, você atravessou o viaduto não é? Dali como é que você fez? (Proprietário Fazenda histórica B).

Deve-se observar que a maioria dos entraves para o desenvolvimento da atividade identificados através da pesquisa é inerente ao papel primordial do setor público, como: divulgação, acesso, sinalização, entre outros. Por fim, uma breve análise desse indicador qualitativo pode indicar que a relação entre os dois setores ainda não é suficiente para o direcionamento de ações em prol do desenvolvimento do setor no local.

  • 5- Turismo como fonte de renda

O turismo em espaço rural deve estar associado aos aspectos sociais e ambientais de cada localidade, para assim ser considerado um vetor do desenvolvimento. Logo, a atividade pode contribuir para a valorização do município, no momento em que contribui para a proteção do meio ambiente e do patrimônio natural, cultural e histórico no meio rural. Todavia, se não houver regulações e instrumentos adequados para a gestão desse espaço, a atividade pode causar influência negativa no ambiente natural, na economia e nas comunidades locais (CAMPANHOLA; SILVA, 2000).

Neste âmbito, para entender de que forma o turismo tem influenciado na renda dos proprietários, é necessário observar o caso das fazendas de visitação que possuem outra atividade econômica e os hotéis fazenda que, às vezes, possuem outras também.

De acordo com a Fazenda Histórica A:

O turismo foi uma coisa que veio para ajudar a gente, principalmente na manutenção do casarão, não é. Porque toda a renda que a gente tem, a gente reverte na manutenção do casarão que é muito difícil e cara. A gente não recebe nenhuma ajuda, então tudo isso é feito por nós. (...). Então, aqui nos fizemos isto. Revertemos toda a renda do turismo para conservação e manutenção das instalações da fazenda.

Dessa forma, conforme analisado anteriormente, o turismo é de fundamental importância na fonte de renda dos empreendimentos turísticos de Barra do Piraí, principalmente na manutenção dos casarões históricos, cujo custo é bastante alto. Assim, muitas vezes o turismo complementa a renda junto com atividades agropecuárias. Apesar de não ser ruim, o fluxo turístico ainda não é adequado, principalmente pelo fato que a maioria dos empreendimentos, principalmente pelo fato dos meios de hospedagem, não recebe hóspedes de segunda a quinta. Ou seja, é necessária a estruturação de estratégias para manter contínuo o fluxo de turistas a semana toda, tal como a contratação e a capacitação de funcionários para esse processo.

  • 6- Influência dos empreendimentos no desenvolvimento local ou regional

Neste âmbito, foi averiguado o papel dos empreendimentos e a visão que os turistas têm sobre as influências daqueles, seja no desenvolvimento local ou propriamente na região do Vale do Café. Dessa forma, seguem algumas respostas de proprietários, funcionários, entre outros agentes, sobre a questão:

De acordo com o proprietário da Fazenda Histórica B:

Tem, lógico que tem. Sempre vai ter (...)

Já do ponto do vista do presidente do Sindicato Rural:

Os impactos existem, existe o impacto, mas os impactos são como eu te falei, são impactos devido aos empreendimentos individuais. Então você ainda não vê circular entre a população. Você não vê a melhoria do impacto. Por exemplo, lá em Ipiabas, nós estamos agora criando as doceiras de Ipiabas, elas estão fomentando uma cooperativa de doceiras para vender doces para o turista. Quando isso amadurecer aí o dinheiro vai circular dentro da comunidade. Na hora que nós tivermos os guias mirins lá, o dinheiro vai circular. Hoje o que acontece que os administradores de hotéis são de fora. (...) Então se você for ver bem, toda essa mão de obra, nós estamos importando. Até a mão de obra de garçons e camareiras nós estamos importando.

Sobre a influência do turismo no comércio, o presidente do Sindicato do Comércio afirma que:

Não, porque esse turista é um turista rico. O turista de Ipiabas é um turista rico, que ele é de fora do Brasil ou então é paulista ou carioca. E não tem menor, esse comércio aqui é nada para eles. Eles estão acostumados com grande comercio.

(Orlando Pimentel, Presidente Sindicato do Comércio de Barra do Piraí).

Dessa forma, apesar do grande potencial da atividade turística no desenvolvimento, seja no âmbito local ou regional, existem mazelas que devem ser analisadas e reestruturadas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O município de Barra do Piraí tem como atividades econômicas principais a agropecuária, a indústria e o comércio/serviços. A cidade também possui grande potencialidade para o turismo por meio do patrimônio material e imaterial oriundo da época do Ciclo do Café e das propriedades rurais. Todavia a cidade ainda não recebe um fluxo de demanda significativa, apesar de existir potencialidade para o turismo rural, através dos hotéis fazenda, pousadas rurais, fazendas históricas, dentre outros.

O turismo em Barra do Piraí é caracterizado pelo resgate histórico cultural da sociedade do café, com a representação de hábitos das famílias aristocratas da época. Esse fato remete à confusão de qual segmentação seria significativa, o turismo rural, histórico ou pedagógico. Dentro desta perspectiva, é importante mencionar que o entorno cultural é um aspecto expressivo para o incremento do turismo rural, já que os turistas muitas vezes não são somente atraídos pela bela paisagem, como também pelo modo de vida rural.

A atividade turística é bastante importante para Barra do Piraí como para toda a região, todavia ainda não influencia tanto na dinâmica econômica da cidade quando comparada a outras atividades econômicas. O turismo é marcado pela visitação nas fazendas históricas e a maioria dos meios de hospedagem é baseada no sistema all-inclusive, ou seja, está dentro do pacote turístico a maioria dos serviços que serão consumidos pelos turistas, de forma que, muitas vezes, os turistas não precisam sair do hotel, e quando saem vão visitar alguns atrativos que já estão predeterminados nos roteiros turísticos. Os turistas não exercem impacto no comércio, de forma que os grandes compradores são visitantes das cidades vizinhas. Esse fato pode ser visto, devido aos fins de semana a maioria das lojas comerciais e restaurantes se encontrar fechada, o que é uma grande crítica por parte dos turistas, já que a maioria visita a região nos finais de semana. É importante observar, ainda, que os locais mais visitados pelos turistas que estão hospedados em Barra do Piraí na região são o Distrito de Conservatória (Valença) e a cidade de Vassouras.

A política pública, como em qualquer local, tem um importante papel na gestão do turismo local, principalmente na mediação entre os turistas, a população local e o setor privado. Todavia, existem algumas iniciativas que devem ocorrer para a propagação do turismo no local, como melhoria da sinalização turística, das estradas de acesso, das estratégias de marketing, além da melhor interação entre o público e privado, com finalidade de discutir ações estratégicas para o fomento do setor e a inclusão de todos nesse processo, já que muitas vezes a população local não participa desse processo e, frequentemente, não conhece os atrativos locais.

Apesar de ainda não ser suficiente, existe uma relação entre os agentes privados e entre os agentes privados e públicos. Com relação aos empreendimentos turísticos, os mesmos indicam um o outro, com ênfase na indicação das fazendas históricas sem pernoite por parte dos meios de hospedagem. Todavia, é mais difícil uma fazenda histórica indicar outra devido à competição. Logo, seria uma ótima oportunidade serem estabelecidas formas de discussões para elaboração de estratégias para o desenvolvimento do turismo na região, o que beneficiaria a todos os envolvidos. Atualmente, o Conselho Regional de Turismo (CONCICLO) possui este objetivo, reunir agentes de turismo para discussões e elaboração de ações para o desenvolvimento regional, entretanto, o número de membros ainda não atinge uma quantidade suficiente, visto o número de agentes turísticos da região. O conselho ainda sofre por falta de infraestrutura e investimento, ou seja, os recursos ainda não são suficientes para o bom andamento do órgão, que realizou no ano de 2013 o planejamento estratégico da instituição.

Já em relação ao relacionamento do poder público com o privado, as atuais secretarias buscam um contato maior, mas este ainda é incipiente, sendo necessárias ações em conjunto com outras secretarias, como de obras, para o desenvolvimento adequado do turismo no município. Outro questionamento dos empreendedores da região é que os órgãos estaduais não olham para a região da mesma forma que olham para outras do estado, o que dificulta o crescimento do turismo regional. Dessa forma, é de grande importância maiores ações por parte das políticas públicas, sejam em nível municipal, estadual ou federal.

O processo turístico em Barra do Piraí ainda é incipiente para influenciar a dinâmica de desenvolvimento, seja no âmbito local ou regional. São necessárias maiores estratégias em prol desse objetivo, conforme salientado nas considerações expostas anteriormente. Portanto, é importante a inserção da população local, além dos agentes envolvidos, criando assim uma cadeia produtiva forte e inclusiva. Deve-se delinear e implantar políticas públicas eficazes dentro de uma perspectiva sustentável do setor, transformando o turismo em uma alternativa de desenvolvimento para o município.

1É preciso alertar que os dados das PNADs de 1992 em diante não são diretamente comparáveis com os das PNADs anteriores, inclusive 1990, devido a mudanças no critério de enumeração das pessoas de 10 anos e mais economicamente ativas (PEA) que passaram a incluir aqueles que declararam não receber nenhuma remuneração (em dinheiro, produtos, mercadorias ou benefícios) e trabalhar, além de incluir aqueles que declararam não receber nenhuma remuneração (em dinheiro, produtos, mercadorias ou benefícios) e trabalhar (SILVA, 1997, p.15).

2No caráter horizontal, cada empresa inserida nesta rede possui independência administrativa, todavia age coletivamente em busca de objetivos comuns (BALESTRIN; VARGAS, 2004).

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Recebido: 01 de Julho de 2015; Aceito: 15 de Março de 2016