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Revista Brasileira de Pesquisa em Turismo

versão On-line ISSN 1982-6125

Rev. Bras. Pesq. Tur. vol.10 no.2 São Paulo Mai./Ago. 2016

http://dx.doi.org/10.7784/rbtur.v10i2.1081 

Artigos

Mensuração de ativos culturais: aplicação do método do custo de viagem e método de valoração contingente no Memorial Darcy Ribeiro

Heritage assets measurement: application of travel cost method and contingent valuation method in Memorial Darcy Ribeiro

Medición de los activos culturales: aplicación del método del costo del viaje y método de valoración contingente en el Memorial Darcy Ribeiro

Luís Carlos de Carvalho Júnior1 

Matheus de Mendonça Marques2 

Fatima de Souza Freire3 

1Contador da Universidade de Brasília (UnB), Brasília, DF, Brasil. E – mail: luiscarlos_junior92@hotmail.com

2Funcionário da Caixa Econômica Federal. Professor Substituto na Universidade de Brasília (UnB), Brasília, DF, Brasil. E-mail: matheus.marques123@gmail.com

3Professora Associada do Departamento de Ciências Contábeis e Atuariais Universidade de Brasília (UnB), Brasília, DF, Brasil. E – mail: ffreire@unb.br

Resumo

Esta pesquisa tem por objetivo aplicar o Método de Valoração Contingente (MVC) e o Método do Custo de Viagem (MCV) no Memorial Darcy Ribeiro, conhecido como Beijódromo, localizado em Brasília, para auferir o seu valor econômico. O estudo da mensuração de heritage assets se justifica em função da necessidade de conhecer o valor econômico do patrimônio cultural brasileiro para fins gerenciais, além disso, porque permite que os mecanismos de valoração sejam aperfeiçoados auxiliando os gestores na formulação de políticas públicas. Foram aplicados 72 questionários, em maio de 2014, aos visitantes e turistas do Beijódromo para obter o valor do Memorial. Conclui-se que embora as metodologias indiretas de valoração econômica se mostram como sendo uma alternativa para mensuração de ativos culturais, o valor encontrado no MCV não difere daquele do MVC, sendo a estimativa econômica bastante inferior daquela investida na construção do Memorial. A falta de informação adequada sobre a origem e o número de visitantes e de turistas influenciou no resultado. Demonstra-se que o registro e monitoramento dos turistas é uma peça importante para que o valor econômico do Memorial seja representado adequadamente, assim como de programas de atração de visitantes e turistas.

Palavras-chave:  Método do Custo de Viagem; Método de Valoração Contingente; Ativos Culturais; Memorial Darcy Ribeiro

Abstract

This research aims to apply the Contingent Valuation Method (CVM) and the Travel Cost Method (TCM) at Memorial Darcy Ribeiro, known Beijódromo, located in Brasilia, to assess its economic value. The study of heritage assets measurement is justified because of the need to know the economic value of the Brazilian cultural heritage for management purposes. In addition, it allows evaluation mechanisms are improved assisting managers in the formulation of public policies. In May 2014, 72 questionnaires were applied to visitors and tourists Beijódromo to get the value of the Memorial. In conclusion, although the indirect economic valuation methodologies are shown as an alternative to measurement of heritage assets, the value found in TCM does not differ from that of the CVM. The economic estimate was much lower than that invested in the construction of the Memorial. The lack of adequate information on the origin and the number of visitors and tourists influenced the outcome. It shows that the record and monitored of tourists is an important piece for the economic value of Memorial to be properly represented, as well as attraction of programs of visitors and tourists.

Keywords:  Travel Cost Method; Contingent Valuation Method; Heritage Assets; Darcy Ribeiro Memorial

Resumen

Esta investigación tiene como objetivo aplicar el Método de Valoración Contingente (MVC) y el Método de Costo de Viaje (MCV) en el Memorial Darcy Ribeiro, conocido como Besódromo, ubicado en Brasilia, para ganar su valor económico. El estudio de medición de los bienes patrimoniales se justifica por la necesidad de conocer el valor económico de la herencia cultural de Brasil para fines de gestión. Además, permite que los mecanismos de evaluación se mejoren ayudando a los administradores en la formulación de políticas públicas. Se aplicaron 72 cuestionarios, en mayo 2014, a los visitantes y turistas, para obtener el valor del Memorial. En conclusión, a pesar de que las metodologías de valoración económica indirectos se muestran como una alternativa a la medición de los activos culturales, el valor encontrado en MCV no difiere de la de los MVC. La estimación económica es mucho más baja que el invertido en la construcción del monumento. La falta de información adecuada sobre el origen y el número de visitantes y turistas influyóen el resultado. Se muestra que el registro y seguimiento de los turistas es una pieza importante para encontrar el valor económico del Memorial Darcy Ribeiro, así como la necesidad de programas de atracción de visitantes y turistas.

Palabras clave:  Método de costo de viaje; Método de Valoración Contingente; Bienes culturales; Memorial Darcy Ribeiro

1 INTRODUÇÃO

Os heritage assets (ativos culturais) são responsáveis pelo desenvolvimento econômico tanto de pequenos negócios, quanto das regiões, atraindo turistas que buscam obter uma diversidade de atividades como, por exemplo, conhecimento ou lazer.

Logo, os heritage assets passaram a ter um espaço maior na economia (Gomes & Santos, 2007), sendo importantes para a manutenção da cultura, da história e da identidade do país. Assim, o estudo do fluxo dos turistas ao redor dos ativos culturais tem um papel de destaque, uma vez que pode auxiliar os gestores governamentais na formulação de políticas públicas.

Reconhecer os valores dos ativos culturais nos relatórios e balanços governamentais também é importante, pois permite, para aqueles interessados, uma melhor avaliação do gasto público, principalmente se o valor do bem está de acordo com as possibilidades da sociedade. Neste caso, as informações dos visitantes nos monumentos, museus e demais heritage assets são peças chaves para que os contadores realizem os registros de forma adequada.

Ao se falar do valor dos ativos culturais, a sua mensuração torna-se complexa (Biondi & Lapsley, 2014), pois estes estão sujeitos a diferentes tratamentos contábeis que partem de uma simples forma de apuração do valor do bem até sofisticados mecanismos estatísticos de apuração, que dependem muitas vezes não somente do registro adequado de turistas visitantes ao local, mas também de pesquisas sobre o perfil, renda, escolaridade, entre outros.

Perante a existência de certa semelhança entre os ativos, diversas ferramentas teóricas e metodológicas desenvolvidas para o patrimônio ambiental (Motta, 2006) têm sido aplicadas ao patrimônio cultural (Guia, 2008). Ver por exemplo, o método do custo de reposição (Barton, 2005; Wakim & Wakim, 2012), custo histórico (Carnegie & Wolnizer, 1995; Landriani & Pozzoli, 2014), fair value (Barton, 2005; Landriani & Pozzoli, 2014) e valor de uso (Carnegie & Wolnizer, 1995; Landriani & Pozzoli, 2014), que são utilizados para subsidiar um valor econômico aos heritage assets. Embora não exista consenso, na literatura e nem nos órgãos reguladores, sobre qual seria o tratamento mais adequado para a mensuração dos heritage assets, o registro de visitantes, parece ser uma ferramenta eficaz que auxilia na mensuração econômica de tais ativos. Os métodos indiretos de valoração econômica se mostram ainda como uma boa alternativa para sua mensuração (Marques & Freire, 2014).

De modo geral, a valoração indireta pode efetivar-se de duas maneiras distintas, isto é, recorrer-se à técnica das preferências reveladas, as quais consistem na observação direta do comportamento de consumo dos indivíduos, como o método do custo de viagem e a técnica dos preços hedônicos, ou à técnica das preferências declaradas, que consistem na escolha, por parte dos indivíduos, de uma situação entre vários cenários hipotéticos. Caso típico desta técnica é o método da valoração contingente (Guia, 2008).

O objetivo do estudo consiste em apresentar uma métrica de valoração de ativos culturais, com o intuito de verificar quais são os empecilhos encontrados na aplicação do Método do Custo de Viagem (MCV) e do Método de Valoração Contingente (MVC), no Memorial Darcy Ribeiro, conhecido como Beijódromo. Tem ainda como objetivo obter o seu valor econômico, servindo de instrumento de gestão para a entidade e de modelo para demais órgãos ligados à tomada de gestão em cultura e turismo. A valoração de ativos culturais é um tema ainda pouco explorado em pesquisas, especialmente na área, portanto, servindo de base em pesquisas que explorem o tema.

Neste trabalho, questiona-se: em quanto o valor econômico do Beijódromo encontrado pelo MCV difere daquele do MVC? Que possíveis empecilhos podem prejudicar na aplicação das metodologias e consequentemente na apuração do valor do bem?

Na aplicação de cada método, utilizou-se de técnicas estatísticas de regressão com o objetivo de encontrar a forma funcional que melhor se adequou aos dados.

O presente trabalho está dividido em mais quatro seções. Na segunda, serão destacados os métodos de valoração de ativos ambientais aplicados também em ativos culturais. Na terceira seção, será apresentada a metodologia adotada, coleta de dados, modelo estatístico para encontrar o valor do bem. Na quarta seção, são apresentados os resultados obtidos. Por último, as conclusões e considerações finais serão expostas.

2 MÉTODOS DE VALORAÇÃO DE ATIVOS CULTURAIS

2.1 Mensuração de Ativos Culturais

O Manual de Contabilidade Aplicado ao Setor Público (MCASP) (Secretaria do Tesouro Nacional, 2012), bem como, as Normas de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público - tanto as brasileiras (NBCT) quanto as internacionais (IPSAS, sigla em inglês) - reconhecendo as limitações dos modelos de mensuração usualmente utilizados pelos gestores, permitem discricionariedades na escolha da base de mensuração do patrimônio cultural.

Tanto no MCASP quanto nas IPSAS o ativo imobilizado é um item tangível mantido para o uso na produção ou fornecimento de mercadorias ou serviços, para aluguel a terceiros, ou para fins administrativos. O MCASP classifica o ativo imobilizado em bens móveis e bens imóveis, sendo o último dividido em bens de uso especial, bens dominicais, bens de uso comum do povo, bens imóveis em andamento e demais bens imóveis. Destacam-se para esta pesquisa os bens de uso comum do povo, subdivididos em: (i) ativos de infraestrutura, como as redes rodoviárias e os sistemas de abastecimento de água e energia, e (ii) patrimônio cultural, assim chamados por serem dotados de significância histórica, cultural ou ambiental.

A NBC T 16.10 – Avaliação e Mensuração de Ativos e Passivos em Entidades do Setor Público, aprovada pela Resolução do Conselho Federal de Contabilidade (CFC) (2008) n. 1.137/08, obriga a inclusão dos bens de uso comum do povo no ativo da entidade responsável pela sua administração ou controle. Os bens deverão ser mensurados ao valor do custo de aquisição ou ao valor do custo de produção e construção, o que permite discricionariedades na escolha da base de mensuração.

Lima, Silva, Borges e Pereira (2011) aplicaram 1.044 questionários a fim de levantar opiniões acerca da recomendação da Norma Brasileira de Contabilidade (NBCT) 16.10 no que tange à contabilização dos bens de uso comum. Os resultados mostram que 80% dos entrevistados consideram importante a evidenciação dos mesmos nos Balanços Públicos, sendo que para 70% dos respondentes, a maior dificuldade em contabilizar os bens de uso comum do povo está no critério de mensuração.

De caráter mais detalhado, a IPSAS 17 – Ativo Imobilizado e o MCASP, alinhados, falam especificamente acerca do patrimônio cultural. Alguns ativos são descritos como bens do patrimônio cultural em decorrência de sua significância histórica, cultural e ambiental, como por exemplo, monumentos, prédios históricos, sítios arqueológicos, áreas de conservação e reservas naturais e obras de arte. Entidades do setor público podem ter vários bens do patrimônio cultural obtidos através dos anos ou por meio de compra, doação, legado e confisco. Geralmente os bens do patrimônio cultural apresentam as seguintes características: (a) o seu valor cultural, ambiental, educacional e histórico provavelmente não é refletido totalmente no valor financeiro puramente baseado no preço de mercado; (b) as obrigações legais ou estatutárias podem gerar proibições ou restrições severas na alienação por venda; (c) são geralmente insubstituíveis e seus valores podem aumentar através do tempo mesmo se sua condição física se deteriorar; (d) pode ser difícil de estimar sua vida útil, a qual, em alguns casos, pode levar anos. Além disso, esses ativos raramente são mantidos por sua capacidade de gerar entradas de caixa, e sim devido aos seus benefícios sociais ao público, podendo haver obstáculos legais ou sociais para usá-los em tais propósitos (International Federation of Accountants, 2006; Secretaria do Tesouro Nacional, 2012). Devido a essas peculiaridades, a aplicação das bases de mensuração, atualmente utilizados pela contabilidade na avaliação de ativos culturais, é questionável.

Os ativos de uma entidade naturalmente são mensurados pelo seu valor de troca, seja este o valor obtido pela entidade no mercado de compra (ex.: custo histórico e custo de reposição), seja este o valor obtido pela entidade no mercado de venda (ex.: valor de liquidação e valor presente) (Niyama & Silva, 2008). No entanto, segundo estudo realizado por Marques (2012), alguns autores ressaltam a ausência de um mercado para muitos destes bens, o que dificulta a obtenção do valor de troca dos mesmos. Outros acreditam que mesmo na existência de um mercado para os ativos culturais, o valor de mercado não consideraria todos os benefícios sociais produzidos pelo bem, mas apenas os benefícios privados do comprador, estendendo tais limitações também à utilização do valor justo para valorar ativos culturais. Segundo Marques, somado a isso, há autores que apontam o fato de os bens culturais serem muito antigos como um impedimento à sua mensuração pelo custo histórico, e a sua qualidade de bens únicos e insubstituíveis representa uma limitação a sua valoração pelo custo de reposição.

Considerando tais limitações, a IPSAS 17 e o MCASP facultam o reconhecimento desses bens e permitem a mensuração em outras bases que não as utilizadas para os ativos imobilizados.

2.2 Método do Custo de Viagem

Geralmente utilizado em locais destinados à visitação pública, o Método do Custo de Viagem – MCV deriva os benefícios econômicos atribuídos pela população a um patrimônio a partir dos gastos efetivos dos visitantes para visitar o local. O método baseia-se em uma função demanda que relaciona a variável dependente taxa de visitação (V) à variável independente custo de viagem (CV) para estimar o excedente do consumidor, sendo este entendido como uma medida do bem-estar da população, obtido a partir da diferença entre a disposição a pagar da população por um bem ou serviço e seu custo efetivo de apropriação. Além do custo de viagem, fatores como as características socioeconômicas dos visitantes (SE) e a existência e proximidade de bens substitutos (SB) devem ser consideradas como variável de controle, na função demanda, ao patrimônio, posto que podem também influenciar a demanda por visitação (Maia & Romeiro, 2008; Guia, 2008).

Em suma, o método do custo de viagem estima uma função demanda para o número de visitas (V) adotando o custo de viagem (CV) como proxy do preço, controlando-se as características socioeconômicas dos visitantes, SE, e a existência de bens substitutos, SB, ao bem objeto de avaliação (Marques, 2012; Maia & Romeiro, 2008; Lopes & Freire, 2014):

V = f (CV, SE, SB) (1)

A partir da equação (1) é possível estimar o efeito do custo de viagem sobre a demanda esperada. Mantendo-se constantes os fatores socioeconômicos (SE) e a existência de bens substitutos (SB) é possível estabelecer a relação inversa entre taxa de visitação (V) e custo de viagem (CV) (Marques, 2012; Maia & Romeiro, 2008; Lopes & Freire, 2014):

V = f (CV) (2)

Sendo assim, cada taxa de visitação (vi) possui um respectivo custo efetivo de viagem (cvi). A partir da função demanda, estimada de acordo com a equação 2, é possível construir uma função utilidade, que permite calcular o excedente do consumidor (EC), demonstrado na teoria econômica, pela área abaixo da função CV e acima dos gastos de viagem efetivamente praticados (cvi). Em outras palavras, trata-se de estimar o quanto, a mais do que foi de fato gasto, cada visitante estaria disposto a pagar pelas visitas (Maia & Romeiro, 2008, 2008; Lopes & Freire, 2014).

2.3 Método de Valoração Contingente

O Método de Valoração Contingente – MVC estima os valores da Disposição a Pagar (DAP) e da Disposição a Receber (DAR) com base em situações hipotéticas que simulem a alteração na disponibilidade do bem objeto de avaliação (Motta, 1997). A Disposição a pagar pode ser entendida como a quantia máxima que a pessoa estaria disposta a pagar para um acréscimo na provisão, ou para evitar a deterioração de um bem. A disposição a receber, por sua vez, significa a quantia mínima que a pessoa estaria disposta a receber para ser compensada por aceitar um decréscimo da provisão ou a deterioração de um bem (Maia, 2002). A DAP ou a DAR são obtidas por meio de pesquisas de campo, com questionários que indagam ao entrevistado sua valoração contingente devido a alterações na disponibilidade do bem em análise (Motta 1997), e podem ser captadas de diferentes formas: (i) Lances livres ou forma aberta (“open-ended”) – “quanto você está disposto a pagar?”; (ii) Jogos de leilão (ou “bidding games”) – O entrevistador negocia os valores com o entrevistado e a pergunta será do teor: “Estaria disposto a pagar (receber) X pelo bem ou serviço?”; (iii) Cartões de pagamento –“Qual valor contido neste cartão é o máximo (mínimo) que você estaria disposto a pagar (receber)?” (iv) Referendo – “Você está disposto a pagar R$ X”? A quantia X é sistematicamente modificada ao longo da amostra para avaliar a frequência das respostas dadas frente a diferentes níveis de lances.

A disposição a pagar ou a receber total é calculada multiplicando-a a disposição a pagar (receber) média pela população afetada pela alteração na disponibilidade do bem (Motta, 1997). Essa é a maneira mais simples de agregação das preferências individuais. Quando a forma de questionamento é do tipo aberto, esta agregação pode ser construída a partir de regressão que relaciona a variável endógena (DAP) a uma série de variáveis exógenas que condicionam as preferências individuais, tais como renda e escolaridade (Maia, 2002).

A aceitação das estimativas de DAP ou DAR concentra-se nas questões teóricas e metodológicas do MVC e podem ser divididas em confiabilidade, validade e vieses. A confiabilidade analisa a consistência das estimativas e está diretamente associada ao grau em que a variância das respostas DAP ou DAR pode ser atribuída ao erro aleatório, de modo que quanto menos aleatória for a amostra, menor será o grau de confiabilidade (Motta, 1997). A validade refere-se ao grau em que os resultados obtidos no MVC indicam o “verdadeiro” valor do bem que está sendo investigado. Motta (1997) salienta que validade e confiabilidade não são conceitos sinônimos. Existem casos em que o MVC alcança estimativas consistentes, mas sujeitas a presença de vieses, tornando os resultados não válidos. O autor identifica dez importantes tipos de vieses que afetam a confiabilidade: (i) viés estratégico: relacionado fundamentalmente à percepção dos entrevistados acerca da obrigação de pagamento e às suas perspectivas quanto à provisão do bem em questão; (ii) viés hipotético: o fato de o MVC estar baseado em mercados hipotéticos pode levar a valores que não refletem as verdadeiras preferências; (iii) viés parte-todo: associado a crenças morais, filosóficas e religiosas que fazem com que o entrevistado valorize uma maior ou menor entidade que aquela que o pesquisador tenta avaliar. Sendo assim, soma das valorizações parciais acaba excedendo o todo; (iv) viés da informação: a qualidade da informação, dada nos cenários dos mercados hipotéticos, afeta a resposta recebida; (v) viés do entrevistador e do entrevistado: a forma como o entrevistador se comporta, ou aparenta ser, pode influenciar as respostas; (vi) viés do instrumento de pagamento: os indivíduos não são totalmente indiferentes quanto ao veículo de pagamento associado à DAP; (vii) viés do ponto inicial: aplicável aos questionários do tipo jogos de leilão, em que a sugestão de um ponto inicial pode influenciar significativamente o lance final; (viii) viés da obediência ou caridade (“warmglow”): este viés se manifesta pelo constrangimento das pessoas em manifestar uma posição negativa para uma ação considerada socialmente correta, embora não o fizessem se a situação fosse real; (ix) viés da subaditividade: inerente ao contexto econômico, este viés tem sido apontado pelo fato de algumas pesquisas com MVC terem estimado valores de DAP para serviços que, quando estimados em conjunto, apresentam um valor total inferior à soma de suas valorações em separado por serviço; (x) viés da sequência de agregação: este é outro viés decorrente do contexto econômico da mensuração, quando a medida de DAP ou DAR de um certo bem ou serviço varia se mensurada antes ou depois de outras medidas de outros bens ou serviços que podem ser seus substitutos.

3 METODOLOGIA

Os aspectos metodológicos envolvidos no desenvolvimento da pesquisa são tratados nesta seção, como a classificação quanto à abordagem do problema, tipologia, método de análise e procedimentos de pesquisa. Trata-se de um trabalho empírico, com abordagem positivista. Como os métodos têm por objetivo investigar a relação entre duas variáveis construídas com a aplicação de questionários, pode-se inferir que se trata de uma pesquisa relacional. Quanto aos procedimentos, o trabalho é ainda classificado como do tipo survey. O método de análise selecionado é o quantitativo, com o uso de estatística descritiva, testes e inferências estatísticas. A seguir, serão apresentadas informações sobre o objeto de estudo: Beijódromo, bem como os procedimentos metodológicos da pesquisa.

3.1 Beijódromo

Beijódromo, esse foi o nome extra-oficial do Memorial Darcy Ribeiro. Darcy, primeiro reitor da Universidade de Brasília (UnB), foi antropólogo e se dedicou ao estudo dos índios, deixando como legado uma vasta obra etnográfica e de defesa dos direitos indígenas. Na área da cultura, Darcy criou diversos centros culturais como o Museu do Índio, a Biblioteca Pública Estadual do Rio de Janeiro e o Sambódromo, que inicialmente também funcionara como uma enorme escola primária com 200 salas de aula. O apelido Beijódromo surgiu do desejo de Darcy que o local fosse destinado à convivência e ao afeto. O Memorial, localizado na UnB e tido como uma obra singular, foi projetado pelo arquiteto João Filgueiras Lima, Lelé. Em março de 2010 a Fundação Universidade de Brasília (FUB) e a Fundação Darcy Ribeiro (FUNDAR) assinaram o termo de permissão de uso do terreno da Universidade de Brasília e dois meses depois o Poder Executivo, representado pelo então ministro da cultura Juca Ferreira, assinou um convênio de cooperação para a construção do Memorial (Porto, 2010). Segundo Porto (2010), Lelé afirma que o Memorial Darcy Ribeiro tanto pode lembrar um disco voador (o lado empreendedor de Darcy) como uma maloca indígena (o lado antropólogo), e que essa dicotomia, entre o passado e o jeito de ser Darcy retratada na estrutura do Memorial, não foi algo proposital. Os recursos para a construção do Memorial foram alocados pelo Fundo Nacional de Cultura e investimentos próprios da Fundação Darcy Ribeiro, totalizando o valor de 8,5 milhões de reais.

3.2 Coleta de dados

As informações necessárias à aplicação do Método do Custo de Viagem e do Método de Valoração Contingente foram obtidas por meio de dois questionários, com tempo médio de resposta de dois minutos, in loco, no mês de maio de 2014. O primeiro questionário foi aplicado a visitantes residentes do Distrito Federal (DF) e entorno contendo quatro perguntas abertas e sete fechadas. O outro foi destinado a turistas, contendo seis perguntas abertas e seis fechadas. Ao todo, foram entrevistados 72 pessoas, sendo 34 visitantes residentes do DF e entorno, e 38 turistas.

Por não apresentarem respostas adequadas, para a aplicação do Método do Custo de Viagem, foram excluídos cinco questionários de turistas. Na definição da amostra do Método de Valoração Contingente, além dos cinco questionários citados anteriormente, foram rejeitados mais 3, desta vez de residentes do DF e entorno, que apresentaram resposta de protesto ao serem indagados sobre sua disposição a pagar pela visitação ao Memorial.

Os questionários foram aplicados apenas para aqueles interessados no acervo do Memorial e na exposição de objetos de Darcy Ribeiro, e naqueles que de fato procuravam obter informações da arquitetura do prédio. Tendo em vista que o controle de visitantes do Memorial registrava apenas visitantes da exposição “As Utopias de Darcy” e da biblioteca de Darcy e Berta Ribeiro, a pesquisa apresentou uma limitação. Pessoas participantes de eventos específicos recebidos pelo Memorial, como cursos e palestras, e ainda aquelas que acessaram o bem apenas para utilização do bistrô alojado no espaço do Memorial não foram indagadas, pois não há registros confiáveis sobre esse público específico.

O número total de visitantes anuais recebidos pelo Memorial foi fornecido pela equipe de gestores do Memorial. Em 2013, o Memorial recebeu 951 visitantes, servindo de base para estipular o valor do bem de 2014. Optou-se pela utilização da visitação do ano de 2013, porque o controle de visitantes, na época, foi feito de modo regular e contínuo, mas também o número total até novembro de 2014 estava bastante próximo daquele de 2013.

3.3 Construção do Modelo Estatístico

As variáveis socioeconômicas, utilizadas nos modelos como variáveis de controle que podem explicar as preferências individuais dos entrevistados e influenciar na demanda pelo bem e na DAP do indivíduo, foram o gênero (GEN), faixa etária (FET), escolaridade (ESC) e renda (REN). Incluiu-se ainda a variável denominada público (PUB), com o objetivo de identificar se o respondente integra ou não a comunidade da Universidade de Brasília.

Para a variável GEN foi atribuído o valor 0 para entrevistados do sexo masculino e 1 para aquelas do sexo feminino. A indagação da idade dos respondentes foi feita em faixas de respostas, sendo atribuído valor igual a 1 para faixa de 16 a 20 anos, 2 para a faixa de 21 a 30 anos, 3 de 31 a 45 anos, 4 para faixa de 46 a 65 anos e 5 para maiores de 65 anos. Já para a variável ESC foram considerados valores que variam de 0, para entrevistados com ensino fundamental incompleto, a 7, para respondentes que possuíam ou estavam cursando pós-graduação.

Devido à localização do Beijódromo ser dentro da Universidade de Brasília, previu-se que a maioria de seus visitantes seriam estudantes, e consequentemente seria grande a possibilidade de entrevistar pessoas que ainda não possuem renda própria. Nesse sentido, optou-se por interrogar a renda mensal familiar per capita do respondente, por meio de pergunta aberta. Para a variável PUB foi atribuído o valor 0 para o público interno e 1 para o público externo.

Para a avaliação do bem pelo MVC foi incluída no questionário a seguinte pergunta: “Quanto você estaria disposto a pagar pela visitação ao Memorial?” A situação hipotética elaborada foi simples, e não previa alterações na provisão do bem, resumindo-se à existência de uma taxa de entrada para visitar o Memorial.

Tais procedimentos permitiram que não fosse necessário auferir a relação e o interesse dos entrevistados em serviços culturais de modo geral, bem como nos serviços culturais oferecidos pelo Memorial e mitigaram problemas decorrentes da fidedignidade da descrição do bem objeto de avaliação e dos cenários propostos para obter avaliação contingente dos entrevistados.

Preferiu-se a utilização da DAP em detrimento da DAR. Além de a DAP ser comumente utilizada na literatura, a DAR, apesar de teoricamente consistente, costuma levar à superestimação do bem, dentre outros motivos, pela própria prudência do consumidor (Motta, 1997; Maia, 2002). Somado a isso, as pessoas estão mais familiarizadas com cenários que envolvam o pagamento diante de alterações na provisão de um bem, e não de compensação por essas mudanças.

A eliciação da DAP dos entrevistados aconteceu por meio de lances livres. Esse formato, além de permitir o uso de estatísticas mais simples e confiáveis, possibilita também análises estatísticas de regressão (Maia, 2002; Motta, 1997) viabilizando o aproveitamento das variáveis socioeconômicas coletadas necessárias ao método do custo de viagem. Quando comparada aos demais formatos de eliciação, percebe-se que o formato aberto fornece um ganho maior de informação, pois os valores obtidos são as expressões diretas das pessoas (Maia, 2002).

A disposição a pagar total foi calculada multiplicando-se a disposição a pagar média da amostra pela população de visitantes anual do Memorial.

No que tange ao método do custo de viagem, não foram identificados bens substitutos ao Memorial. Sendo assim a demanda pelo bem cultural pode ser explicada pelas características socioeconômicas de seus visitantes e pelo custo de viagem.

Para o cálculo do custo de viagem total, foram considerados os gastos com deslocamento necessários para visitar o Memorial (GDESi), os demais gastos diários na cidade (GDIAi) multiplicado pelo número de dias na cidade (Di), acrescidos do custo de oportunidade (COi) de cada indivíduo i, conforme fórmula descrita a seguir.

CVi=GDESi+(GDIAi*Di)+COi (3)

Os gastos diários e a permanência na cidade, multiplicados, computam todos os valores desembolsados para realização da viagem, sendo estes de hospedagem, alimentação, transporte local, artesanato e outros, excetuando-se os gastos com deslocamento para chegar até Brasília. Na tentativa de captar os dispêndios feitos por visitantes residentes no DF e entorno necessários à visitação ao Beijódromo, foram atribuídos todos os gastos do entrevistado até o momento da visitação, o que consiste em uma limitação da pesquisa. Gastos eventuais e extraordinários, tampouco os gastos com deslocamento para chegar ao Memorial, não foram incluídos nesses valores.

Os gastos com deslocamento foram calculados com base na multiplicação da distância (KMi) entre a cidade de origem (ou região administrativa) do entrevistado e Brasília pelo custo por quilômetro (Ui) do meio de transporte utilizado pelo respondente. Esse produto foi multiplicado por dois para calcular os gastos de deslocamento total considerando ida e volta. Por fim, o gasto com deslocamento é dividido pelo número de pessoas que ocupam o veículo. A sentença abaixo representa o cálculo dos gastos com deslocamento.

GDESi=2*KMi*UiOV (4)

As distâncias entre as regiões administrativas e Brasília foram extraídas de planilha constante no sítio de Observatório de Turismo do DF (2014), vinculado à Secretaria de Turismo – SETUR. A distância percorrida por residentes em outras cidades foram extraídas do sítio do DNIT – Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte e do DENATRAN – Departamento Nacional de Trânsito (Agência Nacional do Trânsito, 2014a; 2014b).

No que tange ao custo por quilômetro, adotou-se o indicador yield extraído da 29ª edição do Relatório de Tarifas Aéreas Domésticas da ANAC – Agência Nacional de Aviação Civil (2014), como custo de deslocamento por quilômetro de um avião no valor de R$ 0,40950/km. A informação do valor gasto por quilômetro com carro foi retirada da planilha de custos disponibilizada no sítio da Agência Nacional de Transportes Terrestres - ANTT - (2014) em 2003, atualizado pelo INPC, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2014), considerando os gastos com combustível, óleo e desgaste dos pneus, totalizando um custo de R$ 0,59243/km. O valor pago por passageiro por quilometro rodado com ônibus, de R$ 0,14152, foi retirado do coeficiente tarifário de 2014 divulgado na Resolução 4.351/14 da ANTT, admitindo o valor referente a uma viagem interestadual em um ônibus convencional com sanitário sem serviços diferenciados.

Como custo de oportunidade (COi) do tempo investido na visitação foi considerado um terço da renda diária do entrevistado, multiplicado pela quantidade de dias que o entrevistado permaneceu em Brasília. Para os entrevistados residentes no DF e entorno considerou-se o dispêndio de um dia para visitação ao Beijódromo, o que caracteriza uma limitação da pesquisa. A equação 5 representa o cálculo do custo de oportunidade:

COi=RENi30*Di3 (5)

Para os respondentes turistas, somente, tendo em vista a possibilidade de viagens com multidestinos, os custos de viagem foram rateados pela quantidade de atrativos turísticos conhecidos, informação interrogada de modo aberto no questionário dirigido a turistas.

Segundo Lopes e Freire (2014) há dois tipos de modelos de custos de viagem citados na literatura: o individual, mais apropriado para locais frequentemente visitados, e o zonal, para locais com menor frequência de visitantes de outras localidades. Ademais, a frequência que o entrevistado visita o Memorial, informação necessária à abordagem individual do método, não foi objeto de questionário, o que consiste em uma limitação da pesquisa. Sendo assim, adotou-se a abordagem zonal do método.

A partir da distribuição da origem da amostra, foi possível agrupar a demanda do Memorial por zonas de origem, de acordo com a região administrativa ou cidade (para residentes do DF e entorno) ou com o estado de residência (para visitantes turistas). Ao todo foram identificadas 16 zonas, sendo 10 integrantes do DF e entorno e 6 estados.

A partir dos dados obtidos com a pesquisa de campo é possível conhecer a função demanda do Memorial baseada na relação entre a taxa de visitação, os custos de viagem e as variáveis socioeconômicas. De modo geral, os modelos mais utilizados em pesquisas consideram a variável dependente da forma natural (linear) e logarítmica (Marques, 2012). Com o intuito de aproximar os valores observados, tornando as estimativas menos sensíveis a observações extremas, adotou-se o modelo logarítmico, representado na sentença abaixo:

Ln(Vz)=β0+β1Ln(CVza)+β2GENz+β3FETz+β4ESCz+β5RENz+β6PUBz+ε (6)

A premissa que confere validade teórica ao modelo do método do custo de viagem está na existência de relação negativa entre a variável explicativa, custo de viagem, e a variável explicada, demanda pelo bem ou local.

Aferida a validade teórica do método, pode-se calcular o excedente do consumidor, empregando a seguinte integral (7):

ECi=cvif(cvi,sei) dcvcvivi (7)

A estimação dos modelos, tanto para o método de valoração contingente quanto para o método do custo de viagem, foi feita por meio do método dos quadrados ordinários (MQO). Foram realizados os seguintes testes de robustez: teste de white para heteroscedasticidade, teste de normalidade dos resíduos e teste de multicolienariedade.

4 RESULTADOS

Segundo a origem dos entrevistados, 44% são oriundos de Minas Gerais, 48% do Distrito Federal, 3% da Bahia, 1% do Acre, 1% de Goiás e 1% do Amazonas. Tendo em vista que durante a aplicação do questionário houve uma visita extraordinária de um grupo de 45 estudantes de arquitetura advindos de Minas Gerais, a análise do resultado pode ter sido enviesada.

Vale ainda destacar que do total de 72 pessoas entrevistadas, 74% são considerados públicos externos e 26% são compostos por estudantes e professores da Universidade de Brasília. De acordo com o gênero, 68% são do sexo feminino e o restante do sexo masculino. Quanto à faixa etária, 40% têm idade entre 16 a 20 anos, seguida de 36% entre 21 a 30 anos e 18% entre 46 a 65 anos. As faixas etárias entre 31 a 45 anos e acima de 65 anos apresentaram representatividade igual a 3% cada.

No tocante ao nível de escolaridade, 65% dos entrevistados possuem ensino superior incompleto, 21% têm pós-graduação, 12% já possuem ensino superior e 1% ensino médio.

No que se refere à como obteve informações sobre o Memorial, 47% dos visitantes tomaram conhecimento por meio de estudos em arquitetura, enquanto 21% por meio de iniciativa própria e 18% recomendados por amigos e familiares, motivados pela forma arquitetônica do prédio. Apenas 4% ficaram sabendo da existência do Beijódromo por meio de jornais, revistas, TV e internet (ver Tabela 1).

Tabela 1 – Distribuição da amostra de acordo com o meio de conhecimento do Memorial  

Resposta Nº de Respostas Percentual
Recomendações de amigos e familiares 13 18%
Evento específico 2 3%
Jornais, revistas, TV 2 3%
Internet 1 1%
Contato direto com Lelé 4 6%
Estudos em arquitetura 34 47%
Estudos em ciências sociais 1 1%
Iniciativa própria 15 21%
Total 72 100,00%

Fonte: Dados da pesquisa

A variável renda (REN) apresentou média de R$ 2.823,45 com desvio padrão de R$ 2.738,73. Em consequência da utilização da renda mensal familiar per capita, escolha justificada na metodologia, não houve casos em que a renda do entrevistado foi igual a zero, sendo o valor mínimo informado para esta variável igual a R$ 500,00. O valor máximo encontrado para esta variável foi de R$ 15.000,00, de uma entrevistada residente no DF e entorno.

Embora o custo de oportunidade (CO) do tempo investido na visitação ao Memorial seja calculado com base na renda do entrevistado, o valor máximo obtido para a variável de R$ 194,44, foi de um respondente turista oriundo do Rio de Janeiro. O valor mínimo encontrado para esta variável foi de R$ 6,35. O custo de oportunidade médio encontrado para as 67 observações coletadas foi de R$ 46,32, com desvio padrão de R$ 36,86.

O custo de viagem (CV) apresentou média de R$ 220,39 e desvio padrão de R$ 649,52. O valor mínimo encontrado para essa variável foi de R$ 10,47 e o máximo de R$ 4.358,31.

A grande discrepância entre os valores máximos e mínimos das variáveis custo de viagem e custo de oportunidade já era esperada tendo em vista que a maioria dos entrevistadas eram pessoas residentes no DF, tendo menores custos, já que destinaram apenas um dia para visitar o Memorial, incorrendo em menores gastos de deslocamento.

Para a variável Disposição a Pagar (DAP) foram obtidas 64 observações, chegando a um valor médio de R$ 4,07 e desvio padrão de R$ 4,06. De acordo com a distribuição das DAP oferecidas pelos entrevistados (Tabela 2), a taxa de visitação com maior aceitação chegou a R$ 5,00, sendo proposta por 35% dos entrevistados. Enquanto isso, 20% não aceitariam pagar pela visitação e 5% ainda apresentaram votos de protesto.

Tabela 2 – Distribuição das DAP coletadas  

DAP Nº de Respostas Percentual
R$ 0,00 13 20%
R$ 1,00 1 1%
R$ 2,00 15 22%
R$ 2,50 1 1%
R$ 3,00 2 3%
R$ 5,00 23 35%
R$ 6,00 1 1%
R$ 10,00 6 9%
R$ 20,00 2 3%
Protesto 3 5%
Total 64 100,00%

Fonte: Dados da pesquisa

Muitos entrevistados não apresentaram disposição a pagar pela visitação ao Beijódromo. Isso porque os entrevistados interpretam a cobrança de uma taxa de visitação como indevida, pois este se localiza dentro do campus de uma universidade pública. Alguns citaram que a arrecadação de uma taxa de visitação no Memorial vai contra a proposta de Darcy Ribeiro quando idealizou o projeto.

Com base nos resultados obtidos, é possível calcular a avaliação contingente da população de visitantes anual do Memorial. Os resultados apontam a disposição a pagar média por visitante de R$ 4,07, totalizando o valor econômico do Beijódromo em R$ 3.870,57.

Na Tabela, 3 são apresentados os resultados da regressão estimada pelo método dos quadrados ordinários. A estatística tabulada ao nível de significância de 1% é inferior à estatística F calculada. O que faz dessa ser significante ao nível de 1% (P-valor (F) de 0,003457). O R2 indica que alterações nas variáveis independentes explicam aproximadamente 26% do movimento da variável dependente DAP.

Tabela 3 – Resultados do Método de Valoração Contingente 

Variável Coeficiente p-valor FIV
Const -6,34953 0,13312 -
GEN 2,01112 0,05882 * 1,095
FET 0,18364 0,77254 2,522
ESC 1,14419 0,16037 2,142
REN 0,00044 0,03777 ** 1,646
PUB 1,4698 0,19321 1,215
R2 0,25655
Estatística F 4,00296
P-valor(F) 0,00345
Teste de White - hipótese nula: sem heteroscedasticidade
Estatística de teste: LM = 38,6188
com p-valor = P(Qui2(18) > 38,6188) = 0,00320506
Teste de normalidade dos resíduos - hipótese nula: distribuição do erro Normal
Estatística de teste: Qui2 (2) = 17,8378 com p-valor = 0,000133836

Obs.: *Significante ao nível de 10%;

**Significante ao nível de 5%

Fonte: Dados da pesquisa com a utilização do software gretl 1.9.8

O teste de white confirmou a homocedasticidade dos dados e o teste de normalidade dos resíduos apontou que o erro possui distribuição normal. Ao analisar os fatores de inflacionamento da variância (FIV), constatou-se a não existência de problemas de colinearidade, tendo em vista que nenhum fator de inflação foi superior a 10, sendo o maior de 2,522. Os resultados dos testes de robustez conferem confiabilidade estatística ao modelo.

Foi identificada relação significante ao nível de 10% para a variável GEN e de 5% para a variável REN, o que propõe que as mulheres e pessoas com maior renda, de modo geral, apresentam maior DAP pela visitação ao Memorial. As demais variáveis, com exceção da constante, apresentaram sinal positivo para o coeficiente estimado, o que revela que pessoas do sexo feminino, de mais idade, de mais escolaridade e integrantes do público externo apresentam uma valoração contingente maior ao Memorial Darcy Ribeiro.

O modelo estimado para o método do custo de viagem (Tabela 4), por sua vez, é significante ao nível de 5% tendo em vista que a estatística F calculada é maior que a estatística tabelada ao nível de significância de 5% (P-valor(F) de 0,042027). O R2 indica que cerca de 70% do comportamento da variável dependente Ln (V) pode ser explicado por alterações nas variáveis explicativas.

Tabela 4 – Resultados do Método do Custo de Viagem 

Variável Coeficiente p-valor FIV
Const 5,45164 0,17795 -
GEN -0,42501 0,71215 1,575
FET -0,68774 0,36642 3,401
ESC -0,27617 0,71921 2,654
REN 0,00050 0,22941 4,155
PUB -0,44615 0,76350 2,695
LN_CV -0,76811 0,08504 * 3,912
R2 0,70578
Estatística F 3,59830
P-valor(F) 0,04202
Teste de White - hipótese nula: sem heteroscedasticidade
Estatística de teste: LM = 12,7676
com p-valor = P(Qui2(12) > 12,7676) = 0,386158
Teste de normalidade dos resíduos - hipótese nula: distribuição do erro Normal
Estatística de teste: Qui2 (2) = 0,590026 com p-valor = 0,744522

Obs.: *Significante ao nível de 10%;

**Significante ao nível de 5%

Fonte: Dados da pesquisa com a utilização do software gretl 1.9.8

Ao analisar os fatores de inflacionamento da variância, constatou-se que o modelo não apresenta problemas de colinearidade posto que o maior fator de inflação da variância foi de 2,742. Entretanto, o teste de white não negou a hipótese de existência de heteroscedasticidade e o teste de normalidade dos resíduos indicou que a distribuição do erro não é normal.

Conforme o esperado, a variável explicativa custos de viagem, Ln (CV), possui relação negativa e significante ao nível de 10% com a variável explicada demanda, Ln (V), conferindo validade teórica ao modelo, de modo que uma variação positiva de 1% na variável Ln (CV) acarretaria na variação negativa de aproximadamente 1% na variável Ln (V).

Para as demais variáveis independentes não foram identificadas relações significantes, mas de acordo com o sinal do coeficiente, é possível inferir que pessoas do sexo masculino, menor idade, menor nível de escolaridade, maior renda, bem como os integrantes do público interno da UnB influenciam positivamente na taxa de visitação.

Conhecidos, analisados e validados estatisticamente os resultados, pôde-se estimar o valor econômico dos benefícios gerados pela visitação ao Memorial Darcy Ribeiro pelo Método do Custo de Viagem. Os resultados demonstram um valor médio aproximado por visitante da amostra de R$ 5,05 que agregado corresponde ao valor total do Beijódromo de R$ 4.806,76, para o ano de 2014.

Os valores econômicos encontrados pelo MVC de R$ 3.870,57 e pelo MCV de R$ 4.806,76, para o ano de 2014, são bastante inferiores a aquele investido na construção do Memorial Darcy Ribeiro que foi de 8,5 milhões de reais. Neste caso, torna-se interessante averiguar quais foram os empecilhos identificados na aplicação dos métodos para futuras correções e sugestões à administração do Memorial.

O primeiro empecilho encontrado comum aos dois métodos está no número total anual de visitantes do Beijódromo. O controle da entidade não registra os visitantes que vão para o Memorial utilizar o bistrô e tampouco aqueles que estão participando de eventos específicos, tais como acontecimentos acadêmicos, artísticos e corporativos. Visitantes dessa natureza agregam valor de uso ao bem, e não registrá-los pode levar à subestimação do valor do ativo. De acordo com a administração do Memorial foram inúmeras as tentativas de estabelecer um controle de modo contínuo. Os controles do Memorial não são feitos desde sua inauguração, em dezembro de 2010, e não são feitos de modo ininterrupto durante o ano. Além disso, seria interessante também que a equipe do Beijódromo captasse o perfil socioeconômico de seus turistas visto que tais informações seriam úteis para estabelecer estimativas de visitas futuras e para a tomada de decisão por parte da administração do Memorial.

Outra sugestão feita à equipe do Beijódromo é que a mesma invista em marketing, aumentando a demanda pelo Memorial. De acordo com a amostra coletada apenas 4% dos visitantes tomam conhecimento do Memorial por meios de publicidade, sendo que 3% tomaram conhecimento do Beijódromo por meio de jornais, revistas e TV e 1% por meio da internet. Em contrapartida, um total de 21% dos entrevistados soube da existência do Memorial por iniciativa própria, motivados pela curiosidade ao passar na frente do monumento. Aumentar a demanda pelo Beijódromo certamente adiciona o valor excedente do consumidor gerado pelo bem.

Alguns dos entrevistados atrelaram a sua disposição a pagar à qualidade dos serviços oferecidos, de modo que quanto melhor o serviço, maior seria a DAP do respondente. Sendo assim, fica nítido que outra maneira de aumentar a demanda pelo bem é melhorar a qualidade dos serviços oferecidos. Nesse sentido é recomendável que o Beijódromo disponha, por exemplo, de um guia de turismo para receber e apresentar a exposição “As Utopias de Darcy” e a biblioteca, e até mesmo que o Memorial tenha capacidade e disponibilidade de realizar o pronto atendimento aos seus visitantes, sejam eles interessados na exposição, nos gabinetes de estudo ou em realizar pesquisas na biblioteca.

5 CONCLUSÃO

O objetivo do presente trabalho foi apresentar uma métrica de valoração de ativos culturais, com o intuito de verificar quais são os empecilhos encontrados na aplicação do método de custo de viagem por meio da aplicação do Método do Custo de Viagem e do Método de Valoração Contingente no Memorial Darcy Ribeiro. Objetivou ainda aplicar os métodos de valoração para auferir o valor econômico do Memorial Darcy Ribeiro, conhecido como Beijódromo.

No caso do MCV, o Memorial chegou a um valor médio aproximado por visitante de R$ 5,05. Algumas limitações presentes neste estudo, decorrentes em sua maioria de adaptações feitas para conseguir captar os custos de viagem de visitantes não turistas e sem renda própria, podem ter influenciado o resultado.

No caso do MVC, a disposição a pagar média por visitante chegou a R$ 4,07. Apesar de confiável, a validez deste valor é questionável. Alguns vieses decorrentes da subjetividade intrínseca do MVC podem ter influenciado as DAP coletadas. Dentre os entrevistados que compõem a amostra, alguns não apresentaram uma DAP em termos monetários, mas se mostraram dispostos a pagar um valor imensurável do Beijódromo, sob a justificativa de que o povo deve ter acesso ao que é belo. O instrumento de pagamento também pode ter enviesado esse valor. Muitos dos entrevistados enxergam que o estabelecimento de uma taxa pode ser uma restrição ao seu acesso, o que pode ter inibido o lance de uma DAP pelos participantes da enquete. O viés hipotético da obediência também pode estar presente neste estudo. Muitos entrevistados deram uma DAP com base em suas restrições orçamentárias, sem refletir acerca de suas preferências no consumo de serviços culturais.

Outro ponto a ser destacado, refere-se às observações dos entrevistados sobre o local. Alguns participantes estabeleceram uma DAP a partir das condições do ambiente, tais como higiene e organização, de modo que os aspectos gerais de conservação do ativo refletiram no valor do ativo cultural.

Para que o valor econômico, por meio da aplicação dos métodos de valoração, reflita uma estimativa mais adequada do Memorial, é necessário que os gestores realizem as seguintes ações: (i) aplicar um sistema de coleta de informações mais eficiente de seus visitantes e turistas; (ii) investir em marketing e publicidade; (iii) aumentar a oferta de serviços como alugueis de salas e auditórios.

Vale ressaltar que a valoração contingente depende crucialmente da maneira como seus cenários são construídos. Há necessidade de que pesquisas sejam desenhadas e apropriadas para este fim, pois dão robustez em relação às possíveis variações no desenho e métodos da pesquisa de valoração. Para a mensuração de ativos culturais, o desenvolvimento do turismo é tão importante quanto a indução da articulação dos agentes em uma região turística. Os investimentos do Estado em saneamento, transportes e educação nas regiões turísticas refletem no valor bom.

A principal contribuição do presente estudo apresentada, tanto para a academia quanto para entidade envolvida, está na utilização de ferramentas que possam dar subsídios ao desenvolvimento de instrumentos de gestão e de políticas públicas aos órgãos de cultura e turismo.

Nesse sentido, para pesquisas futuras, sugere-se que seja valorado o Memorial Darcy Ribeiro dando maior atenção ao MVC, de modo a perceber a influência dos vieses inerentes ao método, e o efeito da temporalidade na disposição a pagar dos entrevistados. Encorajase também a aplicação da abordagem individual e híbrida do MCV no Memorial, com o intuito de comparar os resultados obtidos com os deste trabalho.

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Recebido: 09 de Janeiro de 2016; Aceito: 27 de Abril de 2016

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